Transcendendo a simples troca de insumos agrícolas, a VI Feira de Troca de Sementes Tradicionais, que teve início ontem (10) e segue hoje (11) no Campus 3 da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em Marabá, tem promovido uma convergência entre agricultores, acadêmicos e movimentos sociais em torno de um objetivo comum: salvaguardar o patrimônio genético e cultural representado pelas sementes crioulas.
Realizado pela Universidade em parceria com instituições como o Instituto Federal do Pará (IFPA) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o evento também tem acolhido a Feira dos Povos do Campo, criando um espaço de reflexão, troca e resistência.
Sob o tema “Sementes: compartilhar no presente é plantar o futuro”, a feira busca resgatar e perpetuar as práticas de troca e preservação de sementes crioulas, que carregam em si a história de gerações de agricultores e resistem à homogeneização imposta pelas sementes transgênicas. “Essa é uma oportunidade de propagar a agroecologia como um modo de produção que respeita o meio ambiente e valoriza os saberes tradicionais”, pontua Claudiana Guido, servidora da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex) da Unifesspa. Segundo ela, a iniciativa simboliza o diálogo entre a universidade e a sociedade, reforçando os pilares de ensino, pesquisa e extensão.
Leia mais:Desde sua primeira edição, em 2014, a Feira de Troca de Sementes Tradicionais se consolidou como um espaço de reafirmação da soberania alimentar. Para Juary Procópio, professor do IFPA Campus Rural de Marabá, o evento não apenas preserva a biodiversidade, mas também fortalece a independência dos agricultores em relação às sementes industriais. “É um espaço de resistência que garante a perpetuação das variedades tradicionais de alimentos como milho, feijão e arroz, alicerçando a soberania alimentar dos povos do campo”, explica.
O evento não se limita à troca de sementes. A Feira dos Povos do Campo, integrada à programação, vive um cenário para a comercialização de produtos da agricultura familiar e a troca de experiências sobre agroecologia e sustentabilidade. A diversidade de participantes – agricultores familiares, movimentos sociais, acadêmicos e organizações não governamentais – reflete o caráter plural e inclusivo da iniciativa. “Esses encontros são espaços históricos onde povos tradicionais já trocam sementes há séculos. A feira atualiza essa tradição, fortalecendo laços e ampliando o impacto de práticas sustentáveis no campo”, conclui Juary.
(Thays Araujo e Laura Guido/TV Correio)