Correio de Carajás

Fechamento de rodovia trava mobilidade em Parauapebas

Uma faixa pedindo por intervenção militar pode ser vista em um dos caminhões do protesto

Seguindo um movimento que se observa no restante do país, a entrada de Parauapebas na PA-275, nas proximidades do Km 54 – vinda do sentido Marabá – está fechada desde a tarde de ontem, segunda (31), por manifestantes que não aceitam o resultado das urnas da eleição que elegeu Luís Inácio Lula da Silva (PT) o novo presidente do Brasil, chegando ao terceiro mandato com mais de 60 milhões de votos. O fechamento, no entanto, está desagradando até mesmo aqueles que apoiaram, nas urnas, o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

Marcos Sena, um dos manifestantes, afirma que o protesto foi motivado pela “insatisfação do povo brasileiro”, sem fornecer mais detalhes de quais insatisfações são essas. Eles estão aguardando, afirma, um pronunciamento do atual presidente – que já mantém o silêncio há mais de 24h – para determinar os próximos movimentos. Enquanto isso, os manifestantes pretendem manter o fechamento.

Os manifestantes fizeram uma barreira com terra e pneus velhos

Sena ainda afirmou que o fechamento tem como objetivo garantir “a democracia e os direitos constituídos de cada cidadão brasileiro”. Marcos acredita que o protesto tenha sido motivado pela “fragilidade e estabilidade política que estamos passando”, e uma suposta perseguição ao atual presidente durante o período de campanha.

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Uma senhora, que preferiu não se identificar, não está nada contente com a situação e não vê efetividade na ação. Ela seguia de Marabá com destino a Parauapebas, mas foi obrigada a realizar o resto do percurso a pé, por conta da manifestação.

Outro manifestante negou que houvesse qualquer tumulto no local. Para ele, é um “manifesto em prol do Brasil” e porque o Ministro Alexandre de Moraes entregou a “chave da nossa casa para um ladrão”. Depois de falar sobre liberdade, ele saiu da entrevista para resolver um tumulto, que se iniciou porque os manifestantes não estavam permitindo a passagem de uma delegada.

O motorista Leonardo vê o protesto como um ato democrático e acredita que todos tem o direito de se manifestar de acordo com suas próprias convicções. Ele preferiu não contestar o resultado das eleições, mas segue com os outros manifestantes que, segundo ele, não confiam no processo eleitoral. “Quando você tiver dúvida de alguma coisa, se manifeste”, afirmou.

A Polícia Militar esteve no local observando pedestres seguindo a pé

O vereador Aurelio Goiano também se fez presente na manifestação, mas afirmou não fazer parte da organização. Ele relembra que Bolsonaro teve cerca de 83 mil votos na “Capital dos Minérios”, contra os cerca de 56 mil de Lula.

Por outro lado, o pedreiro Antônio Wellington está revoltado com a situação. Ele afirmou que o povo brasileiro deveria respeitar a maioria que decidiu, nas urnas, as eleições. O evangélico acredita que ele e outros cristãos não votaram em Bolsonaro “para acontecer uma palhaçada dessas”. Para ele, isso não é patriotismo: é ditadura. Agentes de segurança estiveram no local, mas não quiseram conceder entrevista. (Clein Ferreira)