Correio de Carajás

Fapespa e Unifesspa detalham desempenho do Pará durante evento em Marabá

PIB do Estado cresce 0,63% no 1º trimestre deste ano e ganha tração com a COP 30 no horizonte

Representantes de instituições de economia e comunidade acadêmica participaram da divulgação dos dados do PIB do 2º trimestre de 2025 na Unifesspa Campus I - FOTOS: Evangelista Rocha
Por: Kauã Fhillipe
✏️ Atualizado em 23/10/2025 18h30
O Pará registrou crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 0,63% no primeiro trimestre deste ano. É o que mostra o levantamento realizado pela Diretoria de Estatística e de Tecnologia e Gestão da Informação (DETGI) da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), sobre o segundo trimestre deste ano.
Os dados foram expostos pela fundação, no campus I da Unifesspa na manhã desta quinta-feira (23), durante evento que se realizou pela primeira vez fora de Belém. A parceria com a Unifesspa é através do Laboratório de Contas Regionais da Amazônia (Lacam), onde junto a outros órgãos, como o IBGE, mostraram dados a respeito do resultado da pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) do Pará e Brasil.
PANORAMA GERAL
A grosso modo, o PIB neste 2º trimestre do Pará foi de R$72,2 bilhões, o que representa 2,3% do produto nacional, que é de mais de um trilhão de reais. Esse número representa uma crescente em relação ao último levantamento de 0,63% e, também, 0,37% acima do crescimento nacional.
Em relação aos setores do estado, o agropecuário foi o que mais teve destaque, contribuindo com 4,6% da produção do país. Dentre as atividades econômicas, a indústria de extração mineral participou de 8,2% das atividades brasileiras.
A diretora do DETGI, Atyliana Dias, aponta que esse impulso se dá por influências da COP 30 – que tem início no próximo mês em Belém – com investimento nas diversas áreas que têm participação na conferência.  “A COP tem influenciado de uma maneira muito positiva dentro do nosso do crescimento econômico do estado devido os investimentos e a capacitação de pessoas. Ficou atrativo investir no Pará como um todo”.
Atyliana Dias: “decidimos lançar esses dados aqui em Marabá devido à grandiosidade da nossa parceria que nós temos com a Unifesspa”
Em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o PIB do Pará apresentou um crescimento de aproximadamente 5,72%, superando o avanço de 2,22% registrado no Brasil. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, que teve um aumento superior a 17%, e pela indústria de transformação, que cresceu um pouco mais de 2,79%. Já o setor de serviços apresentou uma leve redução em relação à última pesquisa, mas ainda assim mostrou crescimento de 3,73% na comparação anual.
De acordo com Atyliana, o aumento dos investimentos e da oferta de empregos tem atraído ainda mais recursos para o estado, fortalecendo o ciclo econômico. Ela destaca que esse cenário é positivo para todos os segmentos: “Quanto mais investimento e emprego, mais atração de investimentos para cá, mais pessoas trabalhando, mais pessoas comprando. Economicamente é bom para a população, é bom para o estado, é bom para os gestores e para os empresários”.
SETORES
O setor agropecuário, protagonista deste levantamento, é favorecido pelas boas condições climáticas, pois as chuvas contribuem para a irrigação e o armazenamento hídrico do solo, o que atingiu as estimativas de produção de lavouras como soja, mandiocas, milho e laranja.
O professor e Coordenador Geral do Lacam, Dr. Giliad Silva, destacou a importância dos dados sobre o crescimento dos setores produtivos, ressaltando que eles permitem compreender a conjuntura econômica do estado. Segundo ele, a agricultura apresentou resultados positivos neste período, impulsionada por incentivos do Governo Federal, como a liberação de créditos subsidiados, que aceleraram o crescimento da agricultura patronal. Além disso, políticas voltadas à agricultura camponesa também contribuíram para esse avanço, especialmente no cultivo de mandioca, setor considerado robusto e relevante para a economia paraense.
Giliad Silva afirma que com a contribuição acadêmica com parcerias como a Fapespa é possível criar instrumentos para mensurar com qualidade o tamanho da bioeconomia do estado
Por sua vez, o setor industrial se evidencia pelos números acumulados no ano, nas indústrias de extração mineral (+8,03%), de transformação (+24,40%) e de produção e distribuição de energia (+24,29%).
O setor de serviços no crescimento acumulado ampliou os números para 2,60%, e foi estimulado pelo comércio (7,13%) e pela administração pública (2,88%). Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Governo Federal, o Pará teve um salto positivo de empregos formais na categoria, com mais de 9 mil carteiras assinadas.
Giliad explicou que o setor de serviços tem um impacto relativamente menor na composição do PIB em municípios como Marabá, sendo muito mais expressivo em Belém e na Região Metropolitana, onde predomina tanto o setor público quanto o privado. Segundo ele, quando há uma redução nas atividades de serviços, a capital é a mais afetada, já que sua economia depende fortemente desse segmento. “Em cidades como Marabá, porém, uma queda no setor de serviços tende a ser compensada pelo crescimento de outras áreas, especialmente a agricultura”.
CONHECENDO A ECONOMIA LOCAL
O Lacam é um grupo de pesquisa e prestação de serviços que tem como principal objetivo desenvolver parcerias e produzir estudos, produtos e tecnologias capazes de aprimorar a análise econômica das diferentes regiões da Amazônia. Desde sua criação, em 2019, o laboratório atua em colaboração com a Fapespa, contribuindo para a geração de informações qualificadas que permitem compreender com maior precisão a dinâmica econômica e social do território amazônico.
Para Giliard, o Lacan tem se consolidado como um instrumento estratégico para o fortalecimento da pesquisa e da formulação de políticas públicas na região. O lançamento de produtos como o estudo do PIB em Marabá e a assinatura de novos convênios com a Fapespa representam marcos importantes para a instituição, evidenciando o papel fundamental do Lacan na integração entre ciência, gestão pública e desenvolvimento regional.
Atyliana destaca também a importância do levantamento do PIB e da parceria com o Lacam para aproximar a população dos dados econômicos do estado. Segundo ela, “é muito importante ter essa transparência do PIB com a população, porque isso demonstra o quanto vale a pena o investimento no nosso estado e demonstra também quanto é necessário fazer políticas públicas para manter e ampliar o desenvolvimento”.
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