Acontece nesta tarde, quinta-feira (10), a primeira audiência do caso referente ao atropelamento e morte do patinador Welisson Farias de Azevedo, ocorrido em dezembro do ano passado, e que teve grande repercussão social por ter sido filmado o exato momento em que o veículo Honda Civic, de cor prata e placas NIA-2248, atinge a vítima.
O servidor público federal piauiense Marcelo Napoleão Andrade, de 38 anos, foi denunciado em maio deste ano pela promotora Magdalena Torres Teixeira, titular da Promotoria de Justiça Criminal de Parauapebas, por homicídio culposo na direção de veículo automotor, deixando de prestar socorro à vítima, crime tipificado no Artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro.
De acordo com a denúncia, o inquérito da Polícia Civil apurou que no último 8 de dezembro, por volta das 5 horas, Marcelo conduzia o automóvel que atropelou Welisson enquanto este patinava na Rua E, Bairro Cidade Nova. Ainda de acordo com o investigado, Marcelo realizou uma ultrapassagem em local proibido e acabou atingindo a vítima, que foi arremessada para o acostamento. Em seguida, afirma o procedimento, ele saiu do local sem prestar socorro, seguindo em direção à Rua 14.
Leia mais:Wellison foi socorrido 15 minutos depois e encaminhado ao Hospital Municipal, onde foram realizados procedimentos médicos. Em seguida, foi transferido para o Hospital Geral de Parauapebas, onde foram diagnosticadas múltiplas fraturas nas pernas, escoriações, perfuração do pulmão, fraturas nas costelas e traumatismo crânio-encefálico, com afundamento do crânio. Ele morreu ainda no hospital no dia 13, por volta de 00h20.
O atropelamento foi filmado e as imagens divulgadas à época. O responsável pelo vídeo, em depoimento, informou que um grupo de patinadores se divertia na madrugada de sábado quando foi atingida pelo Honda Civic que, segundo ele, transitava a cerca de 90 Km/h. Acrescentou, ainda, que o motorista não prestou socorro e que fez ultrapassagem num local onde havia faixa contínua.
A testemunha afirmou que a pancada foi tão forte que chegou a quebrar no meio os patins e uma parte deles voou no vidro do motorista. A cabeça de Welisson, relembra, bateu no retrovisor e na porta do veículo, em seguida no chão.
Já Marcelo, em depoimento prestado à Polícia Civil após a morte, declarou que retornava de uma confraternização do trabalho naquela madrugada. Ele alegou ter tentado fazer uma ultrapassagem quando avistou a vítima vindo de patins no sentido contrário e que acabou colidindo contra o patinador. Argumentou que dirigia a cerca de 60 Km/h.
Familiares encontram motorista pela primeira vez
O pai da vítima, Paulo Henrique Costa Azevedo, conversou com o Correio de Carajás do lado de fora da sala de audiências e contou ter tido o primeiro contato com Marcelo nesta quarta. “Nunca tinha visto ele. Passa tanta coisa na mente da gente, várias sensações, é muito esquisito e sem explicação a gente ver o cara que irresponsavelmente tirou a vida de um filho querido, jovem, adolescente. Fiquei sem reação, em choque”, declarou.
Antes de ser convidado a participar da audiência, relatou que esta é a primeira fase da qual participa do processo e que aguarda justiça para o caso. “Ainda vamos entrar na sala pra conversar e ver o que a Justiça vai fazer, estamos esperando por Justiça, primeiro a de Deus, que é a mais perfeita, e a segunda é a justiça da terra. Estamos aguardando o que vai acontecer, o rapaz está aí, veio, e vamos aguardar, nem sei adiantar nada antes da Justiça falar alguma coisa”, declarou.
No fórum, a mãe do adolescente passou mal e o pai relatou como têm sido os nove meses sem o filho. “A mãe dele passou mal, chorou, vai fazer um ano do acontecimento e nesse momento a gente fica triste. Não queria que nenhum pai ou mãe passasse por um momento desse, de perder um jovem carinhoso, estudioso, responsável, tudo isso ele era. A saudade é grande, a falta dele é grande dentro de casa, todo dia a gente chora, não tem um dia que a gente entra em casa que não caça ele, a gente fica buscando ele, parece que a gente ouve a voz dele, a gente fica buscando o carinho dele porque ele era muito carinhoso”, desabafou.
O tio paterno, Rener Costa, também clama por justiça para o caso. “Era um jovem com todo o futuro pela frente e ele (Marcelo) não prestou socorro, foi como se tivesse matando um cachorro. A gente clama por justiça, a de Deus e a da terra tem que ser feita, estamos acreditando. Ele tem que pagar pelo que ele fez”, comentou.
O Correio de Carajás não conseguiu acesso a Marcelo, que estava dentro da sala de audiências, assim como ao advogado dele, com quem a Reportagem tenta entrar em contato. (Luciana Marschall e Theiza Cristhine)