Na manhã desta quinta-feira, 6, esposas e familiares dos internos do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama), organizaram uma manifestação em frente ao Fórum Juiz José Elias Monteiro Lopes. O movimento, formado por 30 mulheres, tem o objetivo de reivindicar as visitas sociais que foram suspensas, após a rebelião ocorrida em janeiro deste ano.
Jéssica Campos, que está à frente da manifestação e também é esposa de um dos internos, reclama da falta de informações sobre a situação dos presos. “Aguardamos um mês, após a intervenção, para saber quais respostas receberíamos. Até o momento, não fomos informadas com detalhes do que foi feito lá dentro, pois só nos repassam coisas básicas. Queremos um contato maior, saber deles (os presos) como está a situação, pois só ouvir que ‘está tudo bem’ não é suficiente”, explica Jéssica.
A Reportagem do Portal Correio de Carajás questionou Jéssica se alguma denúncia foi feita ao Ministério Público Estadual. “Ficamos com receio de entrar com denúncias, pois não há provas concretas ainda. Soubemos de algumas coisas que ocorreram lá – não vou entrar em detalhes sobre – mas foi apenas via áudios de WhatsApp dos internos que já saíram. Então, vamos aguardar que o trabalho do Estado seja feito, para depois correr atrás dos direitos dos nossos familiares”, argumenta Jéssica.
Leia mais:Williany Pereira Lima é irmã de um dos internos, e disse que a última vez que viu seu irmão foi em 12 de dezembro, e após a intervenção, apenas uma vez, de longe. “Quando conversei com ele no dia 12 de dezembro, ele disse que estava tudo bem. Mas recentemente eu o vi, de longe, em uma audiência no Fórum e me preocupei com a fisionomia dele. Estava muito magro e isso me abalou, pois ele sofre de dores no dente, e com a intervenção, depois de muita conversa com os agentes penitenciários é que consegui entregar os remédios que precisava”, conta Williany.
A manifestação segue acontecendo em frente ao Fórum. Até as 10h30, a informação apurada pela Reportagem do Portal Correio de Carajás é que as mulheres aguardavam pelo juiz da Vara de Execuções Penais para dialogar sobre a reinvindicação à visita social. Até o fechamento dessa reportagem, elas permaneciam aguardando o juiz.
ENTENDA
Após a rebelião ocorrida no dia 4 de janeiro, o Estado iniciou uma intervenção que conteve a revolta e suspendeu as visitas sociais por 60 dias. A previsão é que após o dia 4 de março, elas retornem a acontecer.
Ainda em janeiro, o secretário de estado de Administração Penitenciária, Jarbas Vasconcelos, anunciou que estão sendo construídas duas novas unidades no complexo onde fica localizado o Crama. Uma para o regime semiaberto com 200 vagas e outra para o regime fechado com um total de 306 novas vagas. Ambos têm previsão de inauguração neste primeiro semestre de 2020. (Zeus Bandeira, Fabiane Barbosa e Josseli Carvalho)