Uma família reunida na frente do Fórum cobrando justiça. Foi assim que amanheceu a sede do Poder Judiciário em Marabá nesta terça-feira (12), isso porque a 1ª Vara Criminal de Marabá realizou audiência de instrução e julgamento sobre o assassinato do passarinheiro Reginaldo Pereira Oliveira. Ele foi morto com um tiro na perna, no dia 14 de maio de 2022, por vigilantes, a serviço da Vale, que faziam a segurança no entorno da Ferrovia Carajás, no São Félix.
A alegação da escolta armada era de que Reginaldo estaria furtando ferragens nas margens da ferrovia, mas isso nunca foi comprovado. “Ninguém acredita que ele estava roubando. Ele estava fazendo um esporte que ele gostava, que era criar curió e levar seus bichinhos para mata todo dia de manhã”, afirma Luana Lorena dos Santos, ex-mulher de Reginaldo e mãe de quatro dos oito filhos que ele deixou órfãos de pai.
“Nosso objetivo é cobrar por Justiça pelo que fizeram com ele, que paguem pelo que fizeram porque ele não merecia”, reafirma Luana, ao lembrar que Reginaldo tinha deficiência em uma perna e numa das mãos, por isso nem condição de carregar ferragens ele tinha, pois não tinha forças para isso.
Leia mais:Mas ainda que ele não tivesse essas limitações físicas, nenhuma arma foi encontrada com Reginaldo e tampouco quaisquer objetos furtados. “Essas pessoas fizeram essa maldade com ele e a gente quer a prisão deles (vigilantes) e responsabilidade da Vale (indenização)…Todo mundo conhecia ele aqui em Marabá, porque ele era um homem inocente, trabalhador e honesto”, clama Maria Aparecida Campos, prima de Reginaldo.
Na época do crime, a Segurpro, empresa de segurança para a qual trabalhavam os dois vigilantes acusados do homicídio, informou em nota que acompanha o caso e que adotará as medidas que forem cabíveis conforme resultado do processo investigativo.
Já a Mineradora Vale esclareceu, também em nota, que acionou administrativamente a empresa de vigilância terceirizada para apuração rigorosa dos fatos. Mas até hoje a família da vítima não recebeu nenhuma assistência. (Chagas Filho)