A família de Ederson Costa Santos, professor do IFPA assassinado em 2018, deve recorrer da sentença de 19 anos de prisão em regime fechado a qual Felipe Freire Sampaio Gouveia foi condenado. É o que diz a irmã da vítima, Edilza Santos. As penas de 15 anos pelo homicídio e quatro pelo roubo cometido após a execução não parecem ter sido recebidas com indignação apenas pela comunidade. Um dos advogados da família, Ricardo Moura, explica que a acusação pode usar de um recurso chamado “apelação” para contestar a sentença.
Na Redação do CORREIO, onde a família esteve na manhã desta sexta-feira (2), a irmã da vítima, Edilza Santos disse que somente hoje seria possível sentar com os advogados Ricardo e Afonso Furtado, uma vez que o julgamento durou 15 horas no dia 1º, terminando por volta das 23 horas. Também disse que o sentimento oscila entre o alívio, na sensação de justiça parcialmente alcançada e a decepção pela brevidade da pena aplicada ao responsável pelo crime: “Para mim, 19 anos é pouco”, responde.
Edilza expressa sua convicção de que a justiça, embora tenha ocorrido com o Júri, parece distante do ideal almejado pela família para a sentença. Ela ressalta a discrepância entre a magnitude da perda que sofreram e a pena imposta ao culpado. Aos olhos dela, os anos de sentença parecem insuficientes para reparar a lacuna deixada pela ausência de seu irmão, um educador apaixonado pelo seu ofício e consciente do poder transformador da educação em meio a uma trajetória familiar marcada por desafios e superações.
Leia mais:“Eu e Ederson fomos os primeiros de nossa família a ter ensino superior. E meu irmão escolheu ser professor porque ele sabia do poder de transformação da sociedade em lecionar. Ele era engenheiro de formação, mas decidiu educar”, conta.
Algo que também fica claro em sua fala é que a dor da perda se mescla à revolta diante das mentiras e manipulações que permearam o caso desde o início, principalmente dentro do tribunal, pela defesa de Felipe.
Segundo a irmã, a narrativa distorcida da verdade não apenas obscureceu a memória de Ederson, mas também aprofundou a ferida emocional de sua família, que se viu confrontada não apenas com a tragédia da perda, mas também com a injustiça e a desonestidade: “Foram quase seis anos passando por este processo doloroso. Durante o julgamento nós tivemos, inclusive, que ouvir a índole do meu irmão ser questionada”.
No entanto, em meio às sombras do sofrimento, há um feixe de luz que irradia da certeza de que a verdade prevaleceu. As imagens captadas pela câmera de segurança não apenas expuseram os fatos como também proporcionaram um senso de alívio e justiça para a família enlutada.
O advogado Ricardo explica que durante o julgamento foram usadas provas audiovisuais, algo que, segundo ele, raramente acontece: “Neste caso, a acusação pode mostrar através do vídeo o momento em que Felipe tira do bolso de Ederson sua porta cédula e, depois, tira seu relógio”.
Ainda segundo ele, o julgamento se estendeu, pois houve réplica e tréplica. Ou seja, além da resposta da acusação, houve também resposta da defesa de Felipe.
Além de Edilza e Ricardo Moura, estiveram na redação do portal: Sebastião Moraes dos Santos e Deusarina Costa dos Santos, pais da vítima, mais Everton e Anderson, também irmãos de Ederson. Eles vieram de Belém especificamente para acompanhar o julgamento e retornam para Belém, ainda nesta sexta-feira. (Thays Araujo)