Correio de Carajás

Família canadense viaja o mundo antes que filhos fiquem cegos

Projeto da viagem surgiu após três filhos de Edith Lemay e Sebastien Pelletier serem diagnosticados com retinite pigmentosa; jornada começou na África e deve durar um ano.

Casal viaja pelo mundo antes que filhos percam a visão por conta de doença rara — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

Um casal canadense decidiu viajar com seus quatro filhos pelo mundo antes que três deles, que têm uma doença genética rara, ficassem cegos.

busca por “memórias visuais” começou em março deste ano e deve ter a duração de um ano. O primeiro destino foi Namíbia no sudoeste da África.

Até agora eles já visitaram países como Zâmbia, Tanzânia, Turquia e Mongólia, local que ficaram por mais de 30 dias e deixaram no último dia 31 rumo às praias da Indonésia.

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Família visitou a Mongólia, local que ficaram por mais de 30 dias — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux
Família visitou a Mongólia, local que ficaram por mais de 30 dias — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

A jornada da família é compartilhada por meio das redes sociais na conta “Le monde plein leurs yeux” (o mundo enche seus olhos, em tradução para o português).

Família irá fazer uma turnê pelo mundo durante um ano — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux
Família irá fazer uma turnê pelo mundo durante um ano — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

Nas publicações feitas no Instagram, eles contam que o início da viagem pelo mundo estava programado para 2020. No entanto, os planos precisaram ser adiados por conta da pandemia.

Enquanto isso, eles realizaram trilhas e passeios pelo Canadá.

Por conta da pandemia, família começou a viajar por cidades no Canadá — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux
Por conta da pandemia, família começou a viajar por cidades no Canadá — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

Sobre o diagnóstico

 

Em entrevista à “CTV News”, o casal Edith Lemay e Sebastien Pelletier conta que a filha mais velha, Mia, começou a apresentar problemas de visão aos 3 anos.

Anos mais tarde, ela, que agora tem 12 anos, foi diagnosticada com retinite pigmentosa, uma condição hereditária e degenerativa que geralmente começa a se manifestar na infância, levando à perda ou declínio da visão ao longo do tempo.

“Não há nada que você possa realmente fazer. Não sabemos o quão rápido isso vai acontecer, mas esperamos que eles fiquem completamente cegos na meia-idade”, disse Edith na entrevista.

 

Família já visitou vários países em busca de ampliar as "memórias visuais" — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux
Família já visitou vários países em busca de ampliar as “memórias visuais” — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

Dois outros filhos do casal, Colin e Laurent, também apresentaram sintomas semelhantes. Em 2019, foi confirmado que os irmãos, que agora tem 7 e 5 anos, tinham também o problema genético. O filho mais velho, Leo, de 9 anos, não foi diagnosticado com a condição.

Segundo a família, atualmente não há cura ou tratamento para retardar a progressão da doença e a deterioração da visão dos três filhos provavelmente acelerará na adolescência.

Família começou os primeiros passeios pelo Canadá e depois seguiu para outros países — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux
Família começou os primeiros passeios pelo Canadá e depois seguiu para outros países — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

Colecionar memórias

 

Depois do diagnóstico, o casal buscou uma especialista, que os orientou a ampliar as “memórias visuais” nas crianças.

“Pensei: ‘Não vou mostrar a ela um elefante em um livro, vou levá-la para ver um elefante de verdade e vou encher a memória visual dela com as melhores e mais belas imagens que puder'”, disse a mãe.

 

Foi quando tiveram a ideia de fazer isso viajando pelo mundo.

“Especialmente grandes e amplos espaços, porque isso é algo que eles vão perder”, disse Lemay à “CTV News”.

 

Viagem da família pela Turquia — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux
Viagem da família pela Turquia — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

Os registros compartilhados nas redes sociais, geralmente feitos pela mãe, mostram que, até agora, o plano está funcionando.

As fotos e vídeos mostram as crianças escalando a superfície de enormes rochas da Namíbia, brincando no mar em piscinas de água doce na Tanzânia, aproveitando as piscinas em camadas da encosta da montanha na Turquia e em Gobi dormiram sob um céu estrelado sem as luzes da cidade.

Céu estrelado de Gobi — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux
Céu estrelado de Gobi — Foto: Reprodução/ Instagram Le monde plein leurs yeux

Sobre a doença

 

A retinite pigmentosa se traduz numa degeneração progressiva dos fotorreceptores, células do olho que transformam a luz em impulsos nervosos, em seguida tratados pela retina e enviados ao cérebro pelas fibras nervosas.

A doença provoca, primeiro, a degeneração dos fotorreceptores responsáveis pela visão noturna – células conhecidas como bastonetes –, e depois os responsáveis pela visão diurna — cones.

Mas enquanto a doença destrói os bastonetes, os cones sobrevivem no organismo, até mesmo depois da cegueira.

(Fonte:G1)