A morte do menino Gael Souza Rodrigues, de apenas um 1 ano e 5 meses, chocou Canaã dos Carajás nesta semana, principalmente por conta do descaso de uma cidade milionária que não conta com leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em seu Hospital Municipal. A família de Gael quer esclarecimentos sobre o falecimento registrado no dia 24 de janeiro, que eles alegam não ter sido causado por coronavírus, como consta no atestado de óbito da criança.
Em entrevista ao Grupo Correio de Comunicação, os pais Jemerson Rodrigues e Hanna Vitória Souza elencam vários pontos para contestar o diagnóstico. O primeiro estranhamento é que a equipe não isolou o paciente. Os pais contam terem recebido permissão para terem contato com a criança após constatada a morte. “Beijamos e abraçamos ele; eu mesmo tentei reanima-lo, na esperança de reacordar ele”, diz o pai Jemerson, muito abalado.
Outra contestação foi feita quanto ao tratamento recebido por Gael. “Tinha médicos sem luva e tirando máscara para falar com o Gael, porque ele estava muito alterado e tinha muita gente lá dentro”, afirmou mais uma vez o pai da criança. O atestado de óbito de Gael foi assinado pela médica pediatra Mila Freitas, de Cadastro Regional de Medicina número 12512 (PA).
Os problemas vão se amontoando: ao dar entrada no procedimento para o funeral de Gael, uma tia da criança percebeu que o atestado de óbito foi emitido como se ele tivesse morrido no parto, por conta da data de óbito no documento. Ao voltar para o Hospital Municipal Daniel Gonçalves, foi requisitado a ela que voltasse outro dia para ter acesso ao documento corrigido, bem como aos exames que teriam comprovado que Gael estava com coronavírus.
A doença que teria causado a morte da criança também é uma polêmica, uma vez que a família de Gael alega que ele não estava doente de coronavírus, mas sim de pneumonia. Eles reforçam o argumento pontuando que a criança não teve contato com ninguém que estava com a doença, e que seus primos e tios testaram negativo.
Nas redes sociais, pai e tias tomaram os comentários de uma publicação do Instagram, apontando que a má gestão do Hospital no tratamento de Gael causou a morte. As acusações vão desde uso de medicações sem antes avaliar o quadro de saúde do paciente a até a ausência do exame de covid-19.
Em nota oficial emitida pelo Hospital Municipal Daniel Gonçalves, foi declarado que Gael deu entrada no hospital na noite do domingo, 23 de janeiro, já em estado grave, e que por meio de testagem e contraprova ele foi diagnosticado com coronavírus.
O prontuário de atendimento e exames, segundo a nota, estão disponíveis para a família de Gael no próprio hospital, que lamentou o falecimento da criança e se colocou à disposição para maiores esclarecimentos.
(Juliano Corrêa – com informações da TV Correio em Canaã dos Carajás)