Correio de Carajás

Falta de medicamentos na rede de saúde domina sessão na Câmara de Marabá

O vereador Márcio do São Félix denunciou na tribuna a falta de vários medicamentos na rede básica de saúde de Marabá

Boa parte do tempo de uma hora e meia da sessão ordinária desta terça-feira, 14, foi dominada por um tema: falta de medicamentos na rede básica de saúde de Marabá, de responsabilidade da Prefeitura Municipal.

O primeiro a abordar o tema foi o vereador Márcio do São Félix, o qual alertou os colegas e a comunidade em geral sobre o grave desabastecimento de vários medicamentos na rede municipal de saúde, afetando pacientes do CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) e das unidades básicas de saúde, espalhadas por vários bairros e na zona rural.

“Em levantamento que fiz junto a profissionais que atuam na área, há determinadas medicações que faltam há quatro meses”, lamentou.

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Márcio citou casos específicos de três antidepressivos – Valproato de sódio 500mg (TORVAL), Fluoxetina e Rispiridona – que simplesmente desapareceram do CAPS e não há previsão para chegar, prejudicando uma grande quantidade de pacientes que carecem deles. “Uma caixa de TORVAL custa R$ 400,00. As famílias sofrem. Pergunto: como os pobres vão comprar um medicamento desse?”, indagou.

Outro dilema apontado por ele na rede de atendimento a pessoas com problemas mentais é a falta de suporte de profissionais da área de psicologia para atender toda a demanda, que cresce cada vez mais.

Por fim, Márcio lamentou outro fato grave: a falta de alguns medicamentos da farmácia básica, como Nifedipino, usado por pacientes com hipertensão arterial, além de antibióticos, anti-inflamatórios, vermífugos, sulfato ferroso, entre outros.

A também vereadora e médica Dra. Cristina Mutran reconheceu os problemas apontados pelo colega Márcio do São Félix e revelou que muitos pacientes têm dificuldades de chegar ao Hospital Municipal de Marabá para sair de uma crise psicossocial. Mesmo assim, quando familiares conseguem levar, existe outro problema sério, que é a falta de médico psiquiatra no sobreaviso. “Às vezes esse médico demora chegar ao HMM ou em outras nem vai trabalhar”, enfatiza.

Outro que reforçou a fala de Márcio do São Félix foi Ray Athie. Segundo ele, a gestão municipal está querendo retirar as farmácias dos postos de saúde e levar para o Partage Shopping, centralizando um serviço que deveria permanecer próximo dos pacientes, nos bairros. “Há seis meses existe um espaço alugado no shopping pela Prefeitura de Marabá, mas não deveriam centralizar um serviço tão importante, o que vai prejudicar o acesso de milhares de pacientes que fazem uso de medicação contínua”.

Márcio confirmou que a Secretária Municipal de Saúde já divulgou que vai centralizar o serviço de farmácia para entrega de medicamentos. Para ele, a municipalidade deveria rever essa posição. “Não acredito que haja um vereador nesta Casa que concorde com essa ideia, que prejudica a população. Como um cidadão sai de Morada Nova e vem ao shopping apenas para pegar uma medicação que ainda tem disponível na UBS daquele núcleo? Muitas pessoas não gostam de ir a shopping por vários motivos. A Secretaria de Saúde não está fazendo o favor, mas cumprindo a lei e precisa fazer isso de forma que atenda a comunidade sem grandes transtornos”, diz Márcio.

NOTA DA PREFEITURA

A Reportagem entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Marabá sobre as denúncias dos vereadores e recebeu a seguinte resposta:

“A Secretaria de Saúde informa que os medicamentos acima citados têm falta pontual em alguns postos e que os mesmos estão sendo repostos normalmente nas suas unidades. Quanto à criação da farmácia-polo, o projeto original é distribuir e tornar mais acessível os pontos para entrega de medicamento é que, de forma alguma, vem pra dificultar o acesso a estes medicamentos ao seu público alvo, além de ser um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) firmado com o próprio Ministério Público”.  (Fonte: Câmara Municipal)