A Terra Indígena Xikrin, homologada em 1991, abrange 439 mil hectares no sudeste do Pará. Para proteger essa área da Amazônia, membros do Povo Xikrin formaram os Guardiões da TI Xikrin. Como parte da preparação, o grupo participou de uma expedição fluvial com o objetivo de promover a troca de conhecimento entre os saberes tradicionais ancestrais dos povos originários e as experiências técnicas das instituições participantes.
Integraram a expedição, junto com os Xikrin, grupos como a guarda florestal da Vale – que protege o conjunto de florestas de Carajás, com quase 800 mil hectares de extensão, em apoio ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), servidores da Funai e do Corpo de Bombeiros. Durante quatro dias, os expedicionários percorreram aproximadamente 180km pelos rios Itacaiunas e Aquiri, além das matas da Terra Indígena Xikrin. A capacitação abordou ações e técnicas para o monitoramento de áreas estratégicas, identificação de possíveis ameaças e fortalecimento da proteção territorial.
Wakonti Xikrin destaca a importância da expedição. “Nosso trabalho com o pessoal acompanhando é importante para nós, para fiscalizar nosso território, é muita coisa que estamos aprendendo”, declarou Wakonti. Para Beburo Kayapó, a capacitação, ajudará na
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fiscalização da TI. Estamos aqui no trabalho, aprendendo demais as coisas, para que daqui para frente nós mesmos possamos fiscalizar nossa área, nossa terra”, destacou Beburo.
A expedição faz parte do Programa de Apoio à Proteção Territorial dentro do Plano Básico Ambiental (PBA) do licenciamento estadual da mineração Onça Puma operada pela Vale. A elaboração do PBA é resultado da construção conjunta com os povos indígenas e visa contribuir para o fortalecimento das suas tradições, modo de vida, sustentabilidade e para a valorização da cultura material e imaterial dos povos originários. O PBA é executado pela empresa ambiental, Sete Soluções, contratada pela Vale.
A integração entre os diferentes grupos foi fundamental para o planejamento de ações conjuntas que respeitem os saberes ancestrais. A iniciativa favorece a proteção ambiental, valoriza a cultura e fortalece e autonomia do povo Xikrin. Por meio do PBA, ano passado, o grupo de 25 indígenas recebeu equipamentos como coletes e botas. Para este ano, está prevista a entrega de veículos como caminhonetes e barcos. Na TI, que tem 61% de sua área em Parauapebas, 36% em Água Azul do Norte e 3% em Marabá existem hoje cerca 21 aldeias e uma população de mais de 1.700 indígenas.