Correio de Carajás

Exército brasileiro coloca cones e faixas na fronteira para evitar aglomeração de venezuelanos

O fechamento da fronteira chega ao 5º dia nesta terça-feira (26) e o Exército brasileiro cercou a chamada “linha seca” que divide o país da Venezuela, em Pacaraima, Norte de Roraima. Cones e faixas estão sendo colocados para evitar aglomerações e o risco de novos conflitos entre imigrantes e militares de Nicolás Maduro.

No fim de semana, dois confrontos foram registrados em protesto ao fechamento da fronteira. O primeiro deles, após a chegada de dois caminhões com ajuda humanitária que deveria ter sido entregue no país vizinho. Os caminhões recuaram, dando início às confusões.

Sem poder atravessar, um grupo de venezuelanos que está no lado brasileiro atacou com paus, pedras militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Bombas de gás lacrimogêneo foram usados pela GNB para reprimir os manifestantes, que incendiaram veículos e uma base do Exército da Venezuela com coquetéis molotov.

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Confronto entre manifestantes e militares na fronteira da Venezuela com Brasil, em Pacaraima, Roraima — Foto: Alan Chaves/G1
Confronto entre manifestantes e militares na fronteira da Venezuela com Brasil, em Pacaraima, Roraima — Foto: Alan Chaves/G1

No domingo (24), a segurança foi reforçada no lado brasileiro para evitar novos conflitos. A ação faz parte de uma decisão do Ministério da Defesa. A Força Nacional e a Polícia Rodoviária Federal passaram a controlar a permanência dos venezuelanos no marco das bandeiras que divide os dois países.

Sem poder ficar no marco, um grupo de venezuelanos chegou a fazer um princípio de manifestação sobre uma montanha próxima, mas foram dispersados pela Força Nacional que tenta evitar novas confusões. O local permanece tranquilo desde então.

Atendimento médico em Roraima

Próximo das 13h uma ambulância carregando uma bandeira branca cruzou a fronteira com ao menos um paciente vindo da Venezuela. Desde domingo (24), nenhuma ambulância havia atravessado para o lado brasileiro.

Com bandeira branca à vista, ambulância da Venezuela cruza a fronteira com o Brasil — Foto: Jackson Félix/ G1 RR
Com bandeira branca à vista, ambulância da Venezuela cruza a fronteira com o Brasil — Foto: Jackson Félix/ G1 RR

Em números oficiais divulgados pela Secretaria de Saúde, o Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, em Pacaraima, e o Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista já atenderam 26 pacientes, a maioria deles feridos com munição de grosso calibre. Quatro deles receberam alta e dois seguem em estado grave.

A situação aumentou o problema na saúde que afeta o estado e fez com que o governador Antonio Denarium (PSL) decretasse estado de calamidade pública na Saúde. De acordo com o governador, o secretário de Saúde do estado, Ailton Rodrigues Wanderley deve pedir ajuda de outros estados do país por doação de medicamentos e insumos.

Prefeito venezuelano em Boa Vista

De acordo com Emilio González, prefeito da municipalidade de Gran Sabana, que engloba a cidade de Santa Elena de Uairén, ele fugiu para o Brasil através de rotas clandestinas em busca de ajuda internacional.

Ele, que é opositor de Maduro, se diz perseguido pelo regime chavista. González esteve em Boa Vista e em pronunciamento na Assembleia Legislativa de Roraima nesta terça (26) reafirmou que 25 pessoas morreram em conflitos. A ONG Foro Penal, no entanto, confirma 4 vítimas.

Emílio González, prefeito de Gran Sabana, denuncia mortes e perseguição a opositores de Nicolás Maduro — Foto: Pedro Barbosa/ G1 RR
Emílio González, prefeito de Gran Sabana, denuncia mortes e perseguição a opositores de Nicolás Maduro — Foto: Pedro Barbosa/ G1 RR

Ainda há desencontro de informações quanto ao número de mortos e feridos nos conflitos. Eles ainda não foram citados por fontes oficiais, tanto do presidente Nicolás Maduro, quanto de grupos ligados ao autoproclamado presidente interino Juan Guaidó.

Brasileiros retidos pedem ajuda

Mais de 70 brasileiros estão retidos na cidade de Santa Elena de Uairén sem ter como sair. Eles aguardam negociação entre o Itamaraty e o governo da Venezuela para retornar ao país.

Um grupo de 32 caminhoneiros também aguarda por ajuda para voltar a Roraima. Cerca de 20 deles estão em uma rodovia próxima a linha de fronteira. Um empresário, dono de um dos caminhões, conseguiu levar comida para um grupo na segunda (25), enquanto não há pronunciamento sobre ajuda. O Itamaraty não se pronunciou sobre a situação.

Até agora, os únicos brasileiros que conseguiram retornar foram os 31 turistas que estavam no Monte Roraima, pelo lado Venezuelano. Eles tiveram apoio do Itamaraty para serem liberados pela Guarda Nacional Bolivariana e atravessaram em caminhonetes para o Brasil.

Militares deixam Maduro

Passa de 270 o número de militares que desertaram do governo de Nicolás Maduro através do Brasil e Colômbia. Sete deles estão em Pacaraima e pedem apoio dos colegas de farda para que também abandonem Maduro.

As deserções aumentam a medida que se alastra o decreto pelo fechamento da fronteira e aumenta a popularidade do líder da oposição, Juan Guaidó, que se declarou presidente interno da Venezuela. A atitude gerou revolta entre o alto comando militar venezuelano, que apoia Maduro.

Militares venezuelanos que desertaram para o Brasil; ao centro, uma deputada de oposição a Maduro — Foto: Emily Costa/G1
Militares venezuelanos que desertaram para o Brasil; ao centro, uma deputada de oposição a Maduro — Foto: Emily Costa/G1

(Fonte:G1)