O Portal Correio de Carajás teve acesso em primeira mão à gravação da ligação telefônica que Vinícius Nogueira Gatti, de 32 anos, fez ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) logo após atirar na cabeça do amigo dele, Fabbllu Ohara de Lima Gonçalves, na noite de ontem (29). Na ligação, que durou exatos dois minutos e quarenta e cinco segundos, Gatti confessa que atirou na vítima e, em seguida, pede uma ambulância para socorrer o rapaz.
Ao telefonar para o SAMU, Vinícius diz que estava usando o celular de um amigo e não deu seu nome verdadeiro. Identificou-se como “Vitor”. Ele forneceu o endereço completo da ocorrência (Rua Simplício Costa, Novo Horizonte), e em seguida, explicou que a porta da casa estava trancada. “Vai ter que arrombar porque o dono da casa saiu”, relata, como se não fosse ele o anfitrião da reunião social ode tudo aconteceu.
Leia mais:A atendente passa então a ligação para o médico regulador. Ao conversar com este, Vinícius diz: “Sem querer baleei um amigo meu e ele tá lá em casa… Sem querer, brincando com arma de fogo”. Perguntado onde foi o tiro, ele respondeu que a bala atingiu a cabeça. Mas, ao ser questionado pelo médico se estava brincando, o suspeito refaz a sentença: “Brincando não! Sem querer, caiu no chão e ela atirou”.
Vinícius Gatti confirma que saiu de casa, mas que a vítima ainda estava se mexendo quando ele deixou a residência. Perguntado se alguém ficou na casa e se o imóvel estava aberto, ele responde: “A casa tá fechada, é só pular, não tem problema, a cerca (elétrica) tá desligada.”
Em seguida, o médico dá uma espécie de puxão de orelha em Vinícius Gatti: “Quer dizer que você fere alguém na cabeça e ainda deixa a casa trancada?” Em resposta, o suspeito alega que fechou o imóvel sem querer, pois o portão bateu quando ele fugiu.
Ao final da conversa, o médico responde: “A ambulância já está lá e a polícia também”. O diálogo termina aí. Mas o que é possível deduzir a partir disso e também do depoimento de testemunhas que estavam lá é que o assassinato foi motivado por uma estupidez de alguém já embriagado de posse de uma arma, o que, aliás, pegou todas as pessoas de surpresa.
Não havia brincadeira com a pistola por parte das pessoas que estavam ali, apenas Vinícius Gatti pegou a arma e ficou manuseando para chamar atenção dos convidados. Incontinenti, os amigos mandaram ele guardar a pistola. Mas, ao invés disso, ele atirou em Fabbllu em circunstâncias que ainda precisam ser esclarecidas.
Obviamente, no momento em que o tiro foi dado, todos se apavoraram, pois ninguém entendeu direito o que estava acontecendo. Imaginava-se que o atirador poderia estar tendo algum tipo de surto psicótico e poderia atirar nas outras pessoas também. Temendo serem baleados, todos correram desesperados.
O caso está sendo investigado pelo delegado William Crispim, do Departamento de Homicídios de Marabá.
Gatti responde processo na Justiça Federal por associação criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e contrabando. (Chagas Filho)