O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) emitiu nesta quinta-feira, dia 27 de agosto, a Licença de Implantação para a Vale construir uma segunda ponte sobre o Rio Tocantins, em Marabá. Com isso, a mineradora já está autorizada a iniciar as obras.
A Vale prevê investir no projeto algo em torno de R$ 1,8 bilhão. No ano passado, quando um grupo de engenheiros da Vale foi à Câmara Municipal apresentar o projeto, previa que as licenças do Ibama fossem liberadas em maio deste ano, mas houve atraso de praticamente três meses, o que é aceitável.
A Vale ainda não anunciou o início das obras, mas tudo leva a crer deve iniciar ainda este ano, com prazo de conclusão em 60 meses (cinco anos). Ou seja, a nova ponte poderá ficar pronta em 2025. Por outro lado, a Vale ainda tem outro gargalo a resolver no âmbito de duplicação da Estrada de Ferro Carajás, que é o trecho que compreende os km 694+400 e km 712+400 (Terra Indígena Mãe Maria), excluindo-se também a Ponte sobre o Rio Jacundá, até manifestação definitiva da FUNAI.
Leia mais:Com 2.365 metros de extensão, a nova ponte será toda metálica, com a parte rodoviária separada da ferroviária. As faixas de veículos terão 3,60 metros de comprimento, acostamento de 2,50 metros, 60 centímetros de faixa de segurança, passeio de 1,5 metro e plataforma total de 17,80 metros de largura. As duas pontes (rodoviária e ferroviária) serão iluminadas, haverá sistema de monitoramento por câmera durante 24 horas e será construída uma barreira entre a rodoviária e ferroviária.
A nova ponte ficará localizada a 300 metros a montante (acima) da ponte atual, e 250 metros a jusante (abaixo) do linhão de energia.
CAMINHÃO SÓ EM UMA PONTE
Uma das novidades anunciadas pelos engenheiros da Vale é de que os caminhões sejam impedidos de passar pela ponte atual, tendo acesso apenas pela nova. Com isso, carros e ônibus continuariam seguindo pela estrutura já existente, o que ajudaria a evitar os enormes engarrafamentos que ocorrem atualmente quando um caminhão quebra sobre a ponte. “Toda a ponte será como brinquedos Lego (premoldada) e haverá um grande canteiro de pré-moldado na região. Esse trabalho de engenharia retira os trabalhadores da área da ponte, evitando a construção de blocos de concretos, como ocorreu na estrutura existente”, explica.
A Vale garante que as duas partes da ponte (rodoviária e ferroviária) serão construídas ao mesmo tempo, conforme o compromisso com a comunidade marabaense, para evitar especulação de que a mineradora está preocupada apenas com a parte ferroviária.
Dentro do escopo do projeto, a construção para os acessos à nova ponte vai demandar uma logística que necessitará indenização de alguns imóveis, principalmente do lado do São Félix, mas ainda não detalhou quantos.
TRÁFEGO DE EMBARCAÇÕES
A Vale também demonstra preocupação com o tráfego de veículos no Rio Tocantins, tanto com a demanda atual quanto com a futura, quando barcaças começarem a subir e descer o rio com a viabilidade da Hidrovia do Tocantins. A mineradora contratou uma empresa para realizar estudo e descobrir por onde mais eles trafegam. Os chamados “Dolphins” serão construídos para garantir a segurança da ponte, principalmente contra colisão de embarcações com carga pesada.
A nova ponte deverá consumir cerca de 25 mil toneladas de aço, no total, sendo 6 mil apenas para construção da parte do concreto e 18 mil para as vigas. Dois canteiros serão erguidos, um de cada lado do rio, sendo que um vai atender as embarcações na obra. A estrutura metálica será montada no canteiro e empurrada para cima dos pilares.
SEGURANÇA
A Vale garante que os usuários da parte rodoviária, ferroviária e fluvial estarão seguros, com instalação de dispositivos de segurança disponíveis. Haverá velocidade limite, faixas de segurança amplas, new jerseys para proteger pedestres e para pessoas não caírem no rio.
ADVERTÊNCIAS DO IBAMA
Mas o Ibama, ao conceder a licença para construção da ponte, fez à Vale várias observações que deverão ser seguidas, a maioria no âmbito ambiental, alertando que qualquer alteração das especificações do projeto deverá ser precedida de anuência do Ibama.
A Vale deverá comunicar ao IBAMA sede e às superintendências do IBAMA nos estados do Maranhão e Pará o início e o final das obras.
A empresa deverá apresentar as licenças ambientais específicas a serem obtidas para os canteiros de obras, áreas de apoio administrativo e industrial, de fornecimento de material (jazidas e caixas de empréstimos), de bota-fora e descarte temporário de matéria que se encontrem fora da faixa de domínio.
Os materiais a serem adquiridos de fornecedores comerciais devem ser oriundos de jazidas licenciadas, cujas comprovações devem ser encaminhadas ao IBAMA.
O Ibama proibiu a instalação de áreas de apoio (jazidas; depósitos de material excedente – temporários e permanentes, incluso o alargamento de aterros; canteiros provisórios; entre outras) em APPs, áreas úmidas e demais áreas sensíveis. As travessias de corpos hídricos (rio) pelos caminhos de serviço já existentes deverão ser priorizadas, de forma a diminuir intervenções em APPs.
A Vale deve implantar as passagens de fauna subterrâneas e aéreas e demais dispositivos voltados à mitigação dos impactos sobre a fauna conforme proposta aprovada pelo IBAMA. (Ulisses Pompeu)