Correio de Carajás

EXCLUSIVO: Cabeleireiro de Marabá é acusado de assédio a clientes, inclusive menor de idade

A Polícia Civil registrou boletins de ocorrência de algumas mulheres que teriam sido vítimas de um cabeleireiro da cidade. A pedido do Ministério Público Estadual, o caso está sendo investigado pela Delegacia da Mulher de Marabá (DEAM).

O caso explodiu depois que uma adolescente de 16 anos de idade foi atendida pelo cabeleireiro Roni Batalha, em seu salão localizado na Avenida Pedro Marinho, Bairro Cidade Nova.

A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS começou a receber denúncias sobre o caso na manhã desta quinta-feira, 3 de junho.

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No Boletim de Ocorrência a que a Reportagem teve acesso, uma das vítimas, maior de idade, disse que procurou o salão de Rony Batalha para fazer luzes. Depois dessa etapa, ele escovou o cabelo. “Passei o dia lá. A esposa dele junto e outra funcionária também. Quando ele foi escovar o cabelo já era à noite e só estávamos nós dois. Enquanto escovava meu cabelo, esfregava o órgão sexual ereto nos meus braços. No momento fiquei constrangida, mas pensei que fosse por acidente, então tirei meus braços que estavam apoiados nos braços da cadeira e coloquei sobre as pernas. Fiquei muito constrangida, mas achei que era acidente. Agora, conversando com amigas que também já frequentaram o referido salão, elas relataram que ele já fez o mesmo com elas. Então, não é acidente se é mais de uma mulher”.

ATÉ COM MENOR?

Mas um dos casos mais emblemáticos e que revoltou a Promotoria da Infância e Juventude teria sido perpetrado por Rony Batalha contra uma menor, de 16 anos de idade. Quem faz o relato, bastante revoltada, é a mãe da adolescente, a quem preservamos o nome a pedido dela e, principalmente, por determinação do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente), o qual diz que vítimas de algum tipo de crime não pode ter seu nome e nem de parentes expostos.

A mãe, de 37 anos, conversou com a Reportagem do Portal e explicou o que teria ocorrido no dia dos fatos. A produção do cabelo teria ocorrido às vésperas do aniversário da menor e de seu irmão, que ocorreria nos dias 6 e 7 de fevereiro.

Segundo a genitora, a filha havia marcado com o profissional para uma quinta-feira à tarde, no mês de fevereiro deste ano. O horário inicial teria sido às 16 horas, mas logo em seguida Rony Batalha teria ligado dizendo houve a desistência por parte de outra cliente e que a jovem poderia se antecipar. Ao chegar lá, só havia a menina e o cabeleireiro Rony.

O atendimento à menor teria ocorrido normalmente até a lavagem do cabelo da adolescente. “Ela levantou-se, ele colocou a toalha no cabelo da minha filha e começou a roçar os órgãos sexuais na bunda dela. Ela me contou isso aos prantos, muito nervosa. Ela ficou nervosa, abalada e triste. Surgiu, a partir daí, um trauma e eu fiquei indignada com a essa situação, porque aquele moço sempre demonstrou cuidado e preocupação com minha filha, que me disse: ‘mãe, eu só conseguia ficar quietinha, fechei o olho e comecei a me tremer, como se tivesse me engolindo por dentro.

Ainda segundo a mãe, o cabeleireiro sempre relatou que só gosta de atender uma cliente por vez e que não gosta de muito tumulto. “Isso me acendeu o sinal de alerta, porque geralmente os cabeleireiros atendem duas ou três pessoas paralelamente. Ele havia preparado o terreno, pedindo para ela ir mais cedo. Isso aconteceu com mais mulheres. Uma amiga minha me relatou que ele teria feito a mesma coisa com ela, de forma diferente, mas ocorreu”.

TRAUMAS POSTERIORES

A mãe relata que após a “encoxada” de Rony Batalha, a filha passou a ter medo de ir sozinha a lugares onde haja homens. “O comportamento da minha filha mudou depois que esse fato aconteceu. Ela está se auto protegendo, está mais dura, mais tensa, e isso me deixa muito triste. Eu quero justiça e é por isso que estou denunciando às autoridades e à Imprensa”, justifica.

Por conta disso, a mãe também avalia que o cabeleireiro fez um estrago na mente de sua filha, com sequelas físicas também. Isso não pode continuar acontecendo e ele não pode continuar cometendo esse crime contra outras mulheres”.

VERSÃO DO CABELEIREIRO

A Reportagem do CORREIO também ouviu o acusado, Rony Batalha, no final da manhã desta sexta-feira. Ele foi confrontado com o relato feito pelas mulheres na denúncia à Polícia Civil, e disse estar “perplexo com essa situação”. Garantiu que jamais atuou de forma a causar constrangimento a suas muitas clientes e que vai procurar um advogado antecipadamente para provar que nada do que foi narrado acima aconteceu. “Sou casado, trabalho com a minha esposa e tenho filhos. Esse relato que você me fez nunca aconteceu em meu salão”, garantiu. (Ana Mangas e Ulisses Pompeu)