Vinicius Batista Serra, preso por agredir a paisagista Elaine Caparroz, de 55 anos, durante mais de 4 horas, recebeu alta do Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros no início da tarde. Segundo a Seap, ele foi transferido para uma unidade prisional normal.
A paisagista Elaine Caparroz, de 55 anos, esteve no Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito na tarde desta quarta-feira (27) e comentou a transferência.
“Desde o nosso primeiro contato, em todas as nossas conversas, ele sempre demonstrou ser um homem articulado e coerente. Sempre falou e escreveu com clareza. É uma pessoa que estava se formando em Direito. Eu nunca tive nenhum tipo de dúvida sobre a sanidade mental dele. Não levaria para a minha casa alguém que eu desconfiasse ter algum tipo de problema”, disse ela.
Leia mais:“Eu estou chocada porque vim aqui e verifiquei que os aparelhos não funcionam. Fiquei quase três horas aqui e, nesse período, nove mulheres agredidas buscaram atendimento. Fico emocionada ao pensar na quantidade de mulheres que passaram pelo horror que eu passei e não têm a possibilidade de receber um acolhimento, um tratamento digno e decente, nem mesmo aqui para fazer um exame. Trouxe todos os exames que fiz na Casa de Portugal”, acrescentou.
Vinicius ficou na unidade prisional em observação médica. Após a última avaliação psiquiátrica, nesta quarta, foi constatado estabilidade no quadro médico. Além disso, após resultados dos exames feitos durante a internação não houve alteração do quadro clínico psicopatológico.
Denúncia do MP
Nesta terça (26), a Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público estadual e decretou a prisão preventiva (por prazo indefinido) do lutador de jiu-jitsu Vinicius Batista Serra, suspeito de tentar matar a paisagista Elaine Perez Caparroz.
O crime ocorreu no dia 16 de fevereiro, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. Depois de marcar um encontro no apartamento da vítima, Vinicius espancou Elaine por quase quatro horas.
Na decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, titular da 3ª Vara Criminal do Rio, pondera que, caso medidas como a Lei Maria da Penha e Lei do Feminicídio não sejam respeitadas, cabe então ao poder judiciário a “pacificação do seio social e o bem-estar de envolvidos em casos concretos”.
“Em se tratando deste caso em particular, verifico pelas detalhadas declarações da vítima sobrevivente que o denunciado não poupou esforços para impingir-lhe demorada sessão de espancamento”, destacou o magistrado.
Crime pode ter sido vingança
Na segunda-feira (25), a delegada Adriana Belém disse que existe a possibilidade de que a agressão tenha ocorrido por vingança.
“Ele [o agressor] solicitou a amizade dela no Instagram quando o filho, que mora fora do país, postou uma foto com ela. Ela ganhou muitos seguidores e, a partir daí, esse contato começou, em julho”, explicou Adriana Belém.
A delegada afirmou que não vê o crime como possível surto psicótico, e acrescentou que Vinícius mordia a vítima, arrancava pedaços e, em seguida, cuspia.
Vítima faz apelo à Justiça
Na segunda, Elaine esteve na delegacia para prestar depoimento. Ao deixar a delegacia, a paisagista agradeceu a policiais, pessoas que a socorreram no dia do espancamento e médicos. Ela também fez um apelo para que a Justiça “ratifique” o trabalho feito pela delegacia e lembrou que muitas mulheres não têm essa oportunidade.
“Espero de coração que isso mude no Brasil e que a Justiça possa dar uma atenção maior, para que a gente possa combater esse tipo de crime e evitar que esses delinquentes fiquem soltos e não paguem, que tenham penas mais rígidas. Não adianta nada você denunciar e depois eles saem, com convívio normal, e depois voltem a cometer novos crimes”, disse Elaine.
Mais cedo, ao chegar na DP, Elaine já tinha dito que iria depor e lutar por justiça “por todas as mulheres que já passaram por isso”.
(Fonte:G1)