Acusando o ex-marido, José Salgueiro Lima, conhecido como Mateus, de ameaças de morte e de ter vendido três sedes de uma instituição religiosa que ambos fundaram juntos em Parauapebas, Karina Esplendor procurou a reportagem deste CORREIO nesta terça-feira (16), para denunciá-lo. Em função disso, José também foi procurado e negou todas as acusações apresentadas contra ele.
Karina conta que a trajetória do casal, que migrou de Redenção para Parauapebas e fundou a igreja Assembleia de Deus Redenção, teve uma reviravolta em 2021 quando a separação se tornou inevitável. A motivação, segundo Karina, foram “discórdias e divergências”. Mateus seria o pastor presidente e ela a vice-presidente das igrejas. Os dois tinham ainda duas lojas no comércio de Parauapebas denominadas de Adonai do 20.
As coisas foram de mal a pior quando, segundo ela, Matheus a ameaçou de morte no ano seguinte, caso ela levasse a situação à justiça para reivindicar a divisão dos bens que incluem não somente as igrejas, como também lojas de roupas, fundadas por ambos e que hoje somam sete estabelecimentos, sendo quatro em Parauapebas e três em Marabá.
Leia mais:Karina afirma que, somente as três instituições religiosas chegam ao valor de R$ 3 milhões. Além disso, também alega que as sedes teriam sido construídas em terrenos doado diretamente a ela e com materiais que a mulher teria conseguido sozinha.
Com cerca de 400 membros espalhados pelos três templos, o casal viu o relacionamento se deteriorar não apenas em termos pessoais, mas também eclesiásticos: “A situação se agravou quando, buscando meus direitos, fui coagida a assinar um acordo desigual, sob ameaças diretas e a influência sobre os três filhos que tivemos juntos”.
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No boletim de ocorrência registrado por ela na Delegacia de Polícia Civil de Parauapebas, em 18 de janeiro de 2022, para denunciar as ameaças de morte, também consta que Mateus a torturava psicologicamente, e também a xingava. Na última semana, a justiça concedeu à Karina uma medida protetiva que impede que o ex-marido se aproxime dela. “Ele ligava me ameaçando para minha colega que estava comigo, dizia: ‘Olha, diga para Karina que se ela me colocar na justiça, eu mato'”, afirmou a mulher na redação do Correio.
Diante das ameaças, ainda segundo a mulher, ela saiu de Parauapebas e veio passar um tempo em Marabá. E teria sido no período de afastamento dela, que durou dois meses e 22 dias, que Mateus vendeu o ministério e as igrejas sem seu consentimento, manipulando o cenário para forçar um acordo desvantajoso.
A pastora, atualmente, busca reaver na justiça o ministério e a gestão dos templos, alegando que se tratam de instituições religiosas, não passíveis de venda. Ele, por sua vez, nega ter vendido as igrejas, criando um impasse jurídico e moral, motivo pelo qual a denunciante alega procurar a ajuda da imprensa para denunciá-lo publicamente.
Em entrevista à nossa reportagem, Karina detalhou as perdas sofridas: “As lojas que também construímos juntos cresceu tanto assim em apenas dois anos porque ele usou dos meus patrimônios nas igrejas vendidas, dissipando o dinheiro ao qual eu também tinha direito”, alega.
A ação judicial, movida por ela, solicita a devolução das instituições religiosas, argumentando que a venda é ilegal.
VERSÃO DE MATHEUS
Procurado por telefone para obter sua versão, Mateus atendeu e, de cara, negou todas as informações trazidas pela ex-mulher. A respeito das ameaças de morte que ele teria feito a ela, o pastor afirma que isso nunca teria acontecido: “Nunca na vida”.
Sobre a alienação parental, o homem também negou e acrescentou que, após a separação, Karina teria abandonado a família, o deixando responsável pelos filhos. Segundo ele, dois dos três filhos que tiveram, são maiores de idade e, portanto, tomam a decisão que entenderem ser melhor.
Questionado sobre as supostas vendas das igrejas em que ambos ministravam, o empresário e pastor diz que a ex-mulher vai precisar provar na justiça: “As instituições ainda existem e o que ela está tentando fazer é acabar com meu nome”.
Para finalizar, Mateus diz que, apesar da medida protetiva e das denúncias públicas feitas pela ex-mulher, não vê Karina desde que ela teria assinado o acordo de divisão de bens e que não teria falado mais com ela. (Thays Araujo e Ulisses Pompeu)