O prêmio era R$ 50, para ajudar no bolso. Valia jogar três partidas no sábado, outras três no domingo. O fim de semana era de muito “baba” na periferia de Salvador. Foi assim que surgiu um dos heróis imortais do Atlético-MG, alçado ao panteão logo na sua cidade natal, no estádio apenas 6 km de distância de onde nasceu.
Natural de Salvador, Keno foi descoberto tarde, jogava na várzea nos campos do bairro de São Caetano, na capital baiana. Edson Neto, seu empresário (que esteve na Arena Fonte Nova), o descobriu por indicação de um amigo. Jogaram juntos, como rivais. Então, Keno construiu uma trajetória que vai desde o América de Propriá, do Sergipe (só foi registrado) até ser campeão brasileiro pelo Atlético-MG, fazendo dois gols da virada contra o Bahia, no jogo do título.
Passagem pelo Águia
Leia mais:Pelo Águia de Marabá, no ano de 2013, Keno foi o principal jogador do clube, tanto na Série C quanto no Campeonato Paraense. O rápido atacante chamou atenção por ser bastante ágil e levar para cima do adversário, sendo dificilmente superado na velocidade. Naquele ano ele foi o artilheiro do time na temporada e o jogador que mais deu assistências pelo time. No final do ano, Keno rescindiu contrato.
Enredo de filme
Keno voltou à sua Salvador outras vezes vivendo o ápice da carreira, defendendo um gigante brasileiro – o Palmeiras. Mas a noite de 2 de dezembro será especial. Após conquistar o troféu nacional, o camisa 11 recebeu o afago dos pais e dos irmãos, no hotel do Atlético. Irá reencontrá-los no domingo, dia de mais festa do time com a torcida, em campo, contra o Bragantino.
“A gente trabalhou muito. Eu não sou herói, quem é herói é Deus. O que passamos no ano passado, ficar três pontos de ser campeão. Mas batalhamos bastante, corremos um para outro, fizemos uma família. Pela garra e pela força, vão falar que a gente foi campeão. Podemos gritar “é campeão”. Deus nos honrou, muitos davam título para o rival. Fico feliz na minha terra, onde fui criado. Respeito a torcida do Bahia, que fez festa bacana. Mas merecemos bastante, pela luta e pela garra”.
Keno relembrou 2020, quando o Atlético foi terceiro colocado, a uma vitória do alcance da taça. Um dos vários “quases” desde 1971. O jejum acabou. E o camisa 11, protagonista na temporada passada, ressurgiu na reta final de 2021. São três gols e quatro assistências nos últimos oito jogos pelo Brasileiro. Para sempre na história do Galo, com gols históricos na terra onde nasceu e que, num espaço de 10 anos, deixou de ser jogador de pelada para virar herói, ainda que ele mesmo não se considere.
Em 2017, quando assinou com o Palmeiras ao se destacar pelo Santa Cruz, Keno voltou para o Bairro de São Caetano, em Salvador, para uma das suas “babas” do passado. (Globo Esporte e Redação)