Correio de Carajás

“Eu quero justiça, levaram um pedaço de mim”, desabafa mãe de menina decapitada

“É muito triste saber que nunca mais ela vai voltar, que nunca mais vou ver ela, essas pessoas que fizeram isso com a minha filha precisam pagar. Estou sofrendo muito, eu encontrei minha filha já em um estado muito avançado (decomposição), não deu para aproveitar nenhum momento com ela”, desabafa Alaíde da Costa Ribeiro, mãe de Kechily Costa de Sousa, 13 anos, que foi encontrada morta e com a cabeça separada do corpo no sábado (14), próximo ao Residencial Alto Bonito, em Parauapebas.

Em entrevista ao Correio de Carajás nesta segunda-feira (16), a mãe contou que a adolescente completaria 14 anos neste dia 27. “Ela era uma menina boa, cuidava da minha filha menor e quando eu chegava do trabalho ela ia para a escola”, contou a mãe. Relembrou também que no sábado (14), ao meio-dia, recebeu uma ligação com número restrito. Por telefone, uma mulher informou o local onde estaria o corpo da adolescente. A família fez as buscas, mas não encontraram nada. Entretanto, cerca de uma hora depois, a família foi informada que a menina havia sido localizada sem vida.

A adolescente estava desaparecida desde a segunda-feira (9), quando saiu da escola. Alaíde relata profunda angústia durante os cinco dias do desaparecimento da filha.  “Eu ficava só orando para que ela estivesse ao menos viva. Eu acredito que mataram ela no mesmo dia”, diz.

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Sobre a motivação do crime, Alaíde descartou a possibilidade de a filha ter envolvimento com grupos ligados a facções criminosas e relatou uma desavença de Kechily com outra adolescente. “No domingo – um dia antes do desaparecimento – ela foi para a casa da minha mãe e uma menina quis bater nela, foi até a casa da minha mãe para bater nela, ameaçou, era da escola que ela estudava”, descreveu a mãe, sem citar nomes.

A mãe fez ainda um apelo em relação a um vídeo que está sendo compartilhado via redes sociais.  “Diz que tem um vídeo rolando, que eu não vi e não quero ver, se tem ou não, parem! Não mandem mensagem falando nada. Eu não quero mais saber, minha filha já foi, acabou, eu só quero justiça”, pediu Alaíde.

INVESTIGAÇÃO

Desde o desaparecimento, a Polícia Civil abriu investigação sobre o caso e, segundo informou o delegado Elcio Fidelis de Deus, diretor da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, a morte da adolescente é semelhante a atos típicos cometidos por facções criminosas na cidade.

Após o corpo ser encontrado, três adolescentes foram apreendidos suspeitos de participar do homicídio e decapitação da vítima. A Polícia Civil não forneceu detalhes sobre a investigação, mas um vizinho da família relatou ter acompanhado o caso e informado que há câmeras de segurança próximas ao local onde o corpo foi desovado.

Questionado sobre como chegaram tão rápido aos adolescentes, o delegado foi categórico: “Trabalhamos numa linha que preferimos não citar a origem das informações que recebemos”, disse.

POSICIONAMENTO

Na manhã desta segunda-feira (16), familiares dos adolescentes apreendidos procuraram a equipe do Correio de Carajás solicitando espaço para também se manifestarem. A tia de duas adolescentes de 13 anos e de um adolescente de 15 anos pediu cautela e diz que não há nada provado contra os menores.

“Desde o início afirmaram que meus sobrinhos têm envolvimento e até o momento só estão julgando eles, então nós estamos querendo saber as provas. Se tem outras pessoas envolvidas porque só eles estão aqui? Eu tenho muita vontade que encontre esse culpado. Dizem que tem uma testemunha que no dia em que ela sumiu estava com ela. Cadê essa testemunha?”, questionou.  

Já a mãe de uma das meninas de 13 anos e do adolescente de 15 anos defendeu que os filhos não tinham entrosamento com a vítima. “Eles não são capazes de fazer isso, essa barbaridade, tem que achar o culpado. Meus filhos não têm envolvimento nenhum com facção, eu quero que apareçam os envolvidos, dizem que são 11”. 

Por fim, a mão da outra adolescente suspeita, afirmou que a filha conhecia Kechily “de vista”. “Estudavam na escola, mas ela não tinha muita comunicação, não”. Elas moram no mesmo residencial que a vítima. (Theiza Cristhine)