Correio de Carajás

Estudo mostra que ipês amarelo e roxo se regeneram após explorações florestais

Árvore tem baixo risco de extinção, segundo Empraba e empresa que realizaram estudo em parceria.

Foto: Reprodução

Um estudo pioneiro no Pará apresentou os primeiro resultados esta semana: ipês amarelo e roxo se regeneram após explorações florestais com manejo. Isso aponta o baixo risco de extinção da espécie em locais onde a exploração florestal é feita dentro da lei e a possibilidade de se investir nessa árvore, que tem alta durabilidade e alto valor no mercado.

Uma das árvores de Ipe-rôxo analisadas no Pará — Foto: Ronaldo Rosa/Divulgação
Uma das árvores de Ipê-roxo analisadas no Pará — Foto: Ronaldo Rosa/Divulgação

“O estudo demonstrou preliminarmente a existência de mais de uma árvore de ipê acima do limite estabelecido por hectare, além da regeneração natural dessa população em vários pontos da floresta”, segundo pesquisador da Embrapa, Lucas Mazzei.

 

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De acordo com o especialista, é um passo importante para mostrar que o manejo florestal é sustentável, e que o avanço da pesquisa sobre essa espécie é fundamental para apoiar a legislação e as políticas públicas.

“É a primeira vez que a pesquisa em parceria com a iniciativa privada estuda em larga escala a ocorrência, a distribuição e o ciclo de crescimento do ipê-amarelo e ipê-roxo na região”‘, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que realizou o projeto Ipê com o apoio da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex).

Ipe-amarelo no Pará — Foto: Claudio Bezerra Melo/Divulgação
Ipê-amarelo no Pará — Foto: Claudio Bezerra Melo/Divulgação

O estudo foi realizado nas áreas de manejo da empresa Amazônia Florestal, que tem sede em Itaituba, no Pará. Desde 2012, a empresa tem 85 mil hectares disponíveis para o manejo por meio de concessão na floresta estadual Mamuru-Arapiuns, no oeste paraense.

“Verificamos que as estruturas das populações de ipê na área estudada são mantidas mesmo após a exploração com as técnicas de manejo florestal”, informou Lucas Mazzei.

A equipe técnica realizou inventário diagnóstico para as espécies de ipê-amarelo e ipê-roxo em parcelas dentro de três Unidades de Produção Anuais (Upas) de manejo florestal. A partir do processamento dos dados, os resultados indicaram a coleta de 15 indivíduos de ipês (10 amarelos e 5 roxos) com diâmetro (DAP) acima de 10 cm.

O manejo florestal sustentável (MFS) tem base científica e corresponde ao uso da floresta que mantém a cobertura do solo, resguardando a biodiversidade e os serviços ambientais da floresta. Na sua essência, é a retirada de árvores de forma planejada em parcelas inventariadas e respeitando o ciclo de crescimento da floresta.

O aumento do interesse internacional pelo ipê, levou à indicação do gênero handroanthus para compor a lista da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). A convenção, assinada pelo Brasil, controla a exportação de produtos da flora e fauna.

Para Deryck Martins, da Aimex, a entrada da espécie na listagem é uma preocupação equivocada, pois as informações técnicas e científicas demonstram que não há risco de extinção. Para ele, o manejo é fundamental em fortalecer a sustentabilidade da atividade madeireira na Amazônia.

Ipê tem madeira de alta durabilidade e alto valor no mercado

 

O ipê é uma árvore que ocorre naturalmente em todo o Brasil e nome origina-se da língua indígena tupi e significa casca dura. Existem mais de 100 espécies dos gêneros, com flores amarelas, roxas, rosas, brancas e verdes.

Além da floração que chama atenção, algumas espécies dessa árvore, como o ipê-amarelo (handroanthus serratifolius) e o ipê-roxo (handroanthus impetiginosus), têm uma madeira de alta durabilidade, resistência e beleza.

O Pará é o maior produtor e exportador nacional de madeira nativa da região amazônica, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Isso considera a exportação legalizada.

Segundo o diretor técnico da Aimex, Deryck Martins, o ipê representa em torno de 4% do volume de madeira exportado pelo estado do Pará. Porém, quando se observa o valor dessa espécie no mercado internacional, o impacto é outro: “o metro cúbico de ipê serrado já chegou a R$ 15 e 17 mil reais, enquanto que a maçaranduba ou o freijó ficaram em torno de R$ 7 mil”, conta Martins.

Estudo de campo em Área de manejo — Foto: Amazonia Florestal/Reprodução
Estudo de campo em Área de manejo — Foto: Amazônia Florestal/Reprodução

“O ipê viabiliza financeiramente o manejo. Nós precisamos valorizar esse produto, que é a vantagem competitiva do Brasil em relação a outros países”, afirma Bruno Sato, sócio-diretor da Amazônia Florestal.

(Fonte: G1)