Correio de Carajás

“Estou esperando esse julgamento há mais de um ano”, diz mãe de Ana Machado

Familiares se mobilizam em frente ao fórum e reforçam expectativa por condenação

Maria Bethânia: “Faz mais de um ano e sete meses que nós estamos esperando esse momento” Fotos: Evangelista Rocha
Por: Milla Andrade e Luciana Araújo
✏️ Atualizado em 04/12/2025 09h49

Teve início na manhã desta quinta-feira (4) o julgamento de Sara Nunes, acusada de matar Ana Beatriz há pouco mais de um ano, em um bar de Marabá. O momento reúne familiares, amigos e moradores que acompanham o caso desde o início. O julgamento também é o último plenário do ano, conforme informa a juíza Alessandra Rocha.

O caso, que ganhou grande repercussão em vários estados e marcou profundamente a comunidade marabaense pela brutalidade com que ocorreu, encerra a série de 54 tribunais realizados neste ano, dos 60 que estavam previstos. A expectativa é por justiça para a vítima, assassinada a golpes de faca.

Em entrevista ao Correio de Carajás, a mãe da vítima, Maria Bethânia de Melo Saldanha, chegou cedo ao fórum e falou sobre a dor que carrega e a esperança de ver a justiça ser feita. “Faz mais de um ano e sete meses que nós estamos esperando esse momento. Hoje, se Deus quiser vai acontecer esse julgamento e teremos a decisão”, afirma.

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Em sua fala, Maria Bethânia descreve a filha como uma jovem querida e cercada de amigos. “Nós estamos sentindo muita, muita falta dela. Era um amor de pessoa, ela tinha um círculo de amizade muito bom. A Sara a matou, tirou uma filha, uma mãe, uma tia, uma irmã”, lamenta a mãe de Ana Machado.

Ela acredita que o desfecho no tribunal de hoje deve trazer algum alívio à família. “Esses tempos na cadeia, a Sara deve ter repensado no que ela fez, tirou a vida da minha filha sem ter como ela reagir”. Em suas palavras, a mãe de Ana não esconde o desejo de ver a Justiça sendo feita, afirmando que o sentimento é muito grande por ter perdido uma filha que morava com ela e que era sua companheira de vida.

A ré, Sara Nunes, senta no banco dos réus nesta quinta-feira (4)

A equipe do Correio também conversou com a acusação, representada pelo advogado da família e assistente de acusação, Diego Adriano Freires, e por Kevin Damasceno, que atuarão em conjunto com o Ministério Público.

Em entrevista, Diego Freires confirma que a acusação seguirá a linha apresentada na denúncia. “A linha é a mesma da denúncia da pronúncia, que diz respeito a um homicídio praticado pelo motivo fútil e também ocorrendo uma fraude processual, onde após o fato a acusada se valeu de um momento para apagar as mensagens e furtar o conteúdo que havia ali nas mensagens, que poderiam explicar melhor”, explica o advogado.

Sara é acusada de homicídio, fraude processual e também do crime de lesão corporal contra David Gabriel Barros de Souza, amigo da vítima, que no dia do crime tentou salvar a vida de Ana Beatriz e também foi golpeado.
Para Diego, a expectativa é clara. “No julgamento de hoje a gente espera que o conselho de sentença reconheça todas as acusações e que ela seja condenada por esse crime bárbaro. Que possamos pôr um fim a essa página triste da nossa cidade”, pontua.

A acusação afirma seguir a mesma linha apresentada na denúncia

A defesa de Sara também comentou brevemente sobre a estratégia. O advogado Arnaldo Ramos afirma que a ré nunca negou os acontecimentos. “A Sara nunca negou os fatos. Desde o princípio ela confirma os fatos, então vamos ver como é que vai desenvolver o julgamento”, diz.

Questionado sobre uma possível tentativa de atenuação de pena, Arnaldo respondeu que “também”, ressaltando que ainda não há uma linha de defesa bem definida.

O julgamento segue ao longo do dia e deverá definir o desfecho de um dos casos mais marcantes da cidade.

Estrategicamente, o advogado Arnaldo Ramos diz que não há uma linha de defesa definida

RELEMBRE O CASO

O crime ocorreu na madrugada de 7 de janeiro de 2024, em um bar localizado na Rua Fortunato Simplício Costa, Bairro Novo Horizonte (Núcleo Cidade Nova). Segundo as investigações, Sara Nunes foi ao local tirar satisfações com Ana Beatriz após uma discussão prévia via Instagram. A acusada alegou à polícia que trabalhava com a vítima e que havia desavenças motivadas por fofocas no ambiente de trabalho e supostas mensagens enviadas por Ana ao namorado de Sara.

Ao chegar ao estabelecimento, as duas entraram em luta corporal. Sara sacou uma faca e desferiu múltiplos golpes na região do tórax e abdômen de Ana Beatriz. A vítima chegou a ser socorrida por populares e pelo SAMU, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu a caminho do Hospital Municipal de Marabá (HMM).

Após o crime, Sara Ferreira se apresentou na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil com a arma utilizada e foi autuada em flagrante. Ela teve o pedido de liberdade negado pela juíza Renata Guerreiro Milhomem em 9 de janeiro e permanece custodiada no Centro de Triagem Feminino de Marabá desde então.