Correio de Carajás

Estado reforça ações de prevenção e diagnóstico precoce das hepatites virais

Sespa mobiliza unidades de saúde em todo Estado com testagens gratuitas, ações educativas e atendimento especializado

Foto: Pedro Guerreiro / Ag. Pará

A Coordenação Estadual de Hepatites Virais (CEHV) da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) destaca a importância da campanha “Julho Amarelo”, como parte da mobilização que marca o mês de intensificação da prevenção e controle das hepatites, alusivas a 28 de Julho, Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.

Durante todo o ano, a Sespa, por meio do Departamento de Controle de Doenças Transmissíveis, oferta testes rápidos e preservativos (externo e interno) às secretarias de saúde dos 144 municípios do Pará. Os materiais são direcionados ao desenvolvimento de ações de saúde e prevenção realizadas pelos Centros Regionais e orgãos municipais de saúde pública.

Alinhamento – A programação da campanha deste ano, até o momento, será desenvolvida em três momentos, com testagens e encontro para alinhamento técnico. A campanha “Julho Amarelo” representa o esforço para combater o sub-registro de casos de hepatite e ampliar o acesso à testagem e ao diagnóstico precoce, por meio do estímulo à vacinação contra o tipo B – ofertada gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) –, reforçando a assistência e o tratamento dos tipos mais perigosos da doença: B e C.

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A coordenadora de Hepatites Virais pela Sespa, Caroline Figueiredo, ressalta que, por ser uma doença silenciosa, o principal objetivo da campanha é a busca ativa por pessoas que não sabem que têm os vírus, e precisam logo de tratamento para não serem surpreendidas pelas consequências de um diagnóstico tardio, como uma cirrose ou câncer de fígado. O rápido diagnóstico também evita a disseminação da hepatite.

A ênfase deste ano será dada ao público masculino, que ainda reúne o maior do número de casos positivos. Um primeiro passo nesse sentido foi dado no dia 21 de junho deste ano, quando torcedores do Remo e do Paysandu – clubes de futebol do Pará – puderam ter acesso a testes rápidos durante o jogo realizado no Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão. A iniciativa foi coordenada pela Sespa, com apoio do Projeto Saúde Por Todo o Pará, e parceria da Prefeitura Municipal de Belém.

Diagnóstico – A hepatite é uma inflamação nas células do fígado, e pode ser ocasionada pelos vírus A, B, C, D e E. O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue.
As infecções pelos vírus B e C geralmente não apresentam sintomas. Por terem característica silenciosa, podem evoluir para a forma crônica, assim como o desenvolvimento de fibrose, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular.

Classificada como doença crônica, a Hepatite C é uma doença sem sintomas aparentes, que pode ficar no organismo por até 20 anos sem se manifestar. A doença pode ser transmitida por agulhas e seringas contaminadas, ou por objetos cortantes não esterilizados.

Testagem – A Sespa recomenda aos municípios intensificar as mobilizações com oferta de testagem gratuita, estratégia essencial de busca ativa dos pacientes silenciosos de hepatites. Independentemente de faixa etária, podem procurar o serviço pessoas que colocaram piercing e fizeram tatuagem; quem recebeu transfusão de sangue antes de 1993 e profissionais de saúde.

No Pará, a pessoa que quiser saber se tem ou não hepatite deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência, para que inicie o fluxo de atendimento pelo SUS. Em caso de necessidade de tratamento, a pessoa é encaminhada a um dos 41 Serviços de Atendimento Especializado (SAE) em HIV/Hepatites Virais espalhados pelo Pará. Nos casos mais complexos, o paciente ainda pode ser referenciado para a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém, especialista no tratamento de doenças do fígado em casos avançados e transplante hepático.

Por meio da CEHV, a Sespa intensifica também as ações contra a doença no Estado, por meio de atividades educativas para prevenção e serviços de saúde prestados em parceria com os municípios, principalmente em comunidades de difícil acesso, como ribeirinhas e populações indígenas.

Frequência – Em função do estímulo ao diagnóstico precoce, os casos de hepatite no Pará oscilam entre os tipos mais frequentes – A, B e C -, de acordo com os registros mais recentes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan NET).

Da doença do tipo A foram registrados 25 casos em 2024, e seis entre janeiro e junho deste ano. Casos confirmados de Hepatite B somaram 506 no ano passado, e mais 142 nos primeiros seis meses de 2025.

Ainda segundo o Sinan NET, os casos de Hepatite C no Pará totalizaram 360 ocorrências em 2024, e 97 neste ano, conforme dados atualizados até 10 de junho.
Em relação às mortes causadas pela doença, as mais fatais são complicações causados pelos tipos B e C. Na série histórica entre 2020 e 2024, dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) atestam que 237 pessoas morreram devido a hepatites, sendo 64,28% desse total causados pelo tipo C da doença.

(Agência Pará)