Correio de Carajás

Estação da Cosanpa já deu o que tinha que dar

Moradores do núcleo Marabá Pioneira constantemente têm publicado reclamações e vídeos nas redes sociais, denunciando a qualidade da água distribuída à população pela Companhia de Saneamento do Pará. A cor amarelada do líquido incomoda não só residentes como também comerciantes, que cobram mais qualidade no tratamento. O empresário Gilberto Santis, por exemplo, contou ao CORREIO que usa a água fornecida pela Cosanpa apenas para lavar roupas, louças e tomar banho.

“Porque ela não é apropriada para consumir, é muito barrenta e não serve para beber. Então todo dia eu compro dois galões de água”, afirma, dizendo que muitos dos seus vizinhos e outros moradores do núcleo têm o costume de comprar água mineral ou até encher as garrafas nas torneiras instaladas do lado de fora dos postos de saúde, conhecidas como chafariz. A jovem Valéria Nobre Teixeira, também moradora do local, criticou a situação e revelou nunca ter ingerido uma gota da água tratada pela empresa. Conforme ela disse, “em casa meus pais sempre compraram galões de água mineral, ao invés de utilizar o líquido fornecido pela companhia de saneamento”.

Já Carmem Luz comentou que opta por não beber água da Cosanpa, com medo de adoecer. “Com certeza não é segura, dizem que é tratada, mas eu não vejo. A água é amarelada e, dependo da época, ela fica bem escura”, observou. Além das constantes interrupções e escassez, a turbidez é o maior problema encontrado na água que é fornecida para o núcleo, característica responsável pela cor mais escura e amarelada da água.

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“Priorizou-se onde tinha mais gente, mais centros de governo, hospitais, colando uma nova estação de tratamento na Nova Marabá. Com isso, a da Velha Marabá foi ficando para trás, chegando a um ponto que não tem mais condições de fazer um tratamento eficaz, porque não tem mais suporte para isso. Ela precisa ser reformada ou até reestruturada para poder atender melhor os moradores”, declarou a coordenadora técnica da Cosanpa, Ângela Rayol.

“A Velha Marabá tem o tratamento sim, o problema é a turbidez que a gente não consegue tirar, porque os equipamentos que fazem esse trabalho já estão defeituosos e não fazem o serviço 100%. Mas a água é clorada, a gente faz análise sempre e não tem coliforme fecal. O único problema é que a água sai amarelinha”, detalhou Ângela.

Solução

Segundo ela, a empresa hoje estuda vários projetos para dar uma solução definitiva ao problema da estação. “Estão querendo interligar a rede da Velha Marabá com a da Nova Marabá. Mas há outra possibilidade também de fazer uma nova estação, porque como é pequena isso é possível para atender os três mil moradores. Só que a gente tem que mudar a rede todinha, uma que dá muito problema, muito antiga e que é até difícil de arrumar vazamento, porque ela é coberta por placas de concreto”, revelou.

Ângela falou ainda que muitas vezes falta água no Bairro Francisco Coelho devido aos vazamentos e por ser o ponto final da rede. “Porque até chegar lá, passa por tantos lugares e deve ter vazamento que a gente nem vê, devido a essas placas. A gente está até com um problema bem na Antônio Maia, na altura do sinal, um vazamento embaixo de uma árvore. Já solicitamos à Semma que retire a árvore para que a gente faça a intervenção, mandamos ofício para a secretaria, mas até agora não foi retirada”, contou.

A primeira estação da cidade já beira os 40 anos e, de lá para cá, pouca coisa foi feita na estrutura. Porém, Ângela garantiu que a unidade já foi colocada em situação de urgência, para que o problema seja resolvido logo. “A gente só está esperando verba, assim que tiver o recurso consigo te dizer uma data”.

Estação de tratamento de esgoto já está funcionando

Inaugurada em abril deste ano, a Estação de Tratamento de Esgoto gerenciada pela Companhia de Saneamento do Pará já foi colocada em funcionamento na cidade. Segundo Ângela Rayol, coordenadora técnica Cosanpa, a maioria dos moradores do Bairro Amapá – onde a ETC foi construída, estão tendo o recolhimento de esgoto. Ela explica que tiveram residências que não puderam receber o serviço, devido à localização.

“Porque o esgoto não é como a água, que funciona por pressão, mas é por declividade. Então, pra gente recolher esgoto, é preciso ter uma elevatória que manda o dejeto para um lugar mais baixo e que manda para outro e assim por diante”, esclareceu, acrescentando que nestas localidades, corre o risco dos dejetos retornarem para as casas, caso haja alguma ligação com a rede de esgoto.

Ângela também disse que, algumas pessoas que fizeram a adesão ao serviço, mas que moram em locais que não podem recebê-lo, devem procurar o escritório da estatal para requerer o cancelamento da taxa de esgoto, que corresponde a 20% do valor da tarifa da água.

A coordenadora técnica revelou também que muitas pessoas têm resistido em contratar o serviço, mesmo com a equipe esclarecendo que saneamento básico e esgotamento sanitário são necessários e estão diretamente ligados à saúde do cidadão.

“A pessoa se queixa muito, dizendo que falta muita água e não quer o serviço da Cosanpa, porque tem problema demais. Mas eu digo que não é bem assim, você pode ter a ligação, porque o fornecimento vai melhorar, nós estamos trabalhando para isso. A pessoa fica com o ponto, a gente coloca um valor mínimo e quando tiver bastante água para contemplar todo mundo, quando a ampliação estiver finalizada, vai ter água tranquilamente”.

Ela alerta que só podem ter o serviço de recolhimento de esgoto, quem possui ligação de água da Cosanpa. “O serviço de esgoto é vinculado à água. A gente só pode cobrar o esgoto se a pessoa já tiver a água, porque a cobrança vem junto na mesma conta”. Além disso, ressalta que nesta primeira fase, gastos com tubulação são por conta da construtora, para interligar o esgoto da casa à rede.

“Quando a pessoa não tem espaço para interligar o esgoto, a construtora arca com tudo, material, reposição, neste momento. Mas depois que passar esse momento, o consumidor terá que arcar por conta própria”.

Até o momento três elevatórias já foram construídas sob a responsabilidade da Cosanpa, uma na Rua Fortaleza, Vale Itacaiunas, outra na Rua Amazonas, Bairro Belo Horizonte, e uma central no Bairro do Amapá, que manda para os dejetos para a ETC. Nestes locais, o serviço de recolhimento de esgoto deve ser implantado até o final do ano.

(Nathália Viegas com informações de Josseli Carvalho)