Correio de Carajás

Especialista avalia um mês sem máscara em Marabá

Embora a maioria da população tenha abandonado o acessório, percentual que tomou a primeira dose é muito pequeno

Cinco de maio de 2022. Marabá completa um mês da assinatura do decreto que liberou a obrigatoriedade do uso de máscaras faciais na cidade, tanto em lugares fechados, como abertos. Tudo indica que a cidade parece ter voltado ao “normal”.

Seja nas ruas, nos centros comerciais, nas escolas, repartições públicas ou ambientes de trabalho, quase todo mundo ‘meio que’ esqueceu a pandemia e todos os rituais de máscara, distanciamento e higienização das mãos.

As lembranças do aumento significativo no número de casos confirmados de covid-19, que assolou a cidade até bem pouco tempo – meados de fevereiro – ficaram no passado.

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Se puxar a memória um pouco mais, é possível relembrar que as festas de Réveillon e Carnaval foram canceladas devido ao aumento no número de pessoas contaminadas pelo vírus. Muito se falava sobre os cuidados necessários que deveriam ser tomados para evitar o contágio do coronavírus. Mas, e agora, os cuidados continuam?

Fazendo uma pequena retrospectiva, quem se recorda das filas quilométricas que foram formadas, no Centro de Convenções, no início da vacinação contra covid-19? Contudo, o que se vê atualmente são Unidades Básicas de Saúde com vacinas sobrando. Não há procura pelo imunizante, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde.

Marabá não vacinou com a terceira dose – indicada pelos especialistas – nem 20% da população que tomou a primeira dose. E não é porque não tem vacina. É porque a população não quer se imunizar.

“Não estamos tendo demandas de pessoas procurando a vacina contra covid-19”, informa Fernando Gomes, coordenador do Departamento de Imunização de Marabá.

E os dados mostram exatamente isso:

1ª dose: 187.221 pessoas

2ª dose: 130.847 pessoas

3ª dose: 28.125 pessoas

4ª dose: 1.406 pessoas

O que diz o especialista

O Correio de Carajás procurou o médico infectologista, Harbi Othman, para saber sua opinião sobre a flexibilização do uso de máscaras. Para ele, ela foi aplicada no momento certo. “Infelizmente a Prefeitura de Marabá não está mais divulgando os dados. Porém, a gente que trabalha no meio (da saúde) sabe que os índices de internações e casos graves estão bem baixos”, adianta Harbi.

De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde, até o dia 4 de maio de 2022, 14.144 pessoas foram confirmadas com covid-19 em Marabá. “Até o momento registramos 531 óbitos”, disse Sabrina Acyoli, diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde.

O especialista, que integra a Sociedade Brasileira de Infectologia, ressalta que a população precisa estar ciente de que a situação pode mudar a qualquer momento, já que há um recrudescimento da doença em alguns países.

“O momento epidemiológico nos permite essa flexibilização. Contudo, o decreto não estimula as pessoas a tirarem as máscaras. Ele desobriga, ou seja, sugere que não possa mais ter punições porque não se está usando máscara em determinado local. Mas, a orientação é que idosos, pessoas com comorbidades, trabalhadores da área da saúde, tenham bom senso e continuem utilizando máscaras”, diz o especialista, ressaltando que a pandemia deixou um legado de higiene, como o hábito de lavar as mãos com mais frequência. (Ana Mangas)