Correio de Carajás

Escuta Social revela urgências e desafios de Marabá para 2026

Escuta Social na Câmara mobilizou moradores, movimentos sociais e representantes de entidades civis/Foto: Adriano Moura

A Câmara Municipal de Marabá abriu suas portas, na manhã da última quinta-feira, para uma Escuta Social que mobilizou moradores, movimentos sociais e representantes de entidades civis com um objetivo claro: transformar reivindicações da população em propostas reais para orientar decisões públicas já a partir de 2026. O encontro reforçou o compromisso do Legislativo com a participação popular e com a construção coletiva de políticas que respondam às necessidades da cidade.

O presidente da Câmara, vereador Ilker Moraes, destacou que o momento simboliza um exercício democrático fundamental. Ele afirmou que “hoje, este plenário se transforma em um espaço aberto para que a população apresente suas demandas, sugestões e preocupações, contribuindo para o aprimoramento das políticas públicas e para o fortalecimento do relacionamento entre sociedade e poder público”. Segundo Ilker, todas as contribuições serão organizadas e enviadas aos órgãos competentes, além de compor uma carta oficial que será divulgada nos canais institucionais da Câmara.

A vereadora Vanda Américo reforçou a relevância da Escuta como ferramenta estratégica. Para ela, “a escuta dá ao poder legislativo o diagnóstico do que está acontecendo na cidade. As políticas públicas urgem e devem ser incluídas no orçamento até quarta-feira. Temos que tirar bom proveito no orçamento, para as necessidades e da realidade do nosso povo. Não adianta colocarmos as demandas aqui e não implementarmos no orçamento de 2026”, observou.

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Representando o Conselho de Segurança Alimentar e o Conselho de Saúde, Diorgio Santos chamou atenção para a necessidade de retorno efetivo às denúncias feitas pela população. Ele afirmou que o Conselho de Saúde é o que mais recebe denúncias e lamentou a falta de respostas: “Não vemos nenhum retorno do MP. Esperamos que a escuta entre no calendário anual da Câmara. A sociedade, comunidades e as entidades devem ser ouvidas”. Diorgio também fez um alerta sobre as condições da saúde pública no município ao afirmar que “em Marabá a saúde não anda porque não tem estrutura. Neste exato momento estão nascendo bebês e tomando banho sem sabonete líquido”.

Esperamos que a escuta entre no calendário anual da Câmara. A sociedade, comunidades e as entidades devem ser ouvidas

A defensora de políticas para mulheres, Bernadeth ten Caten, concentrou sua fala no orçamento público e na urgência de investimentos específicos. Ela ressaltou a necessidade de previsão orçamentária para o Condim e para a criação da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres. “Precisamos da secretaria para implementar políticas estruturantes para as mulheres desenvolverem políticas públicas. Temos a violência obstétrica, a violência doméstica, 4 mil cirurgias eletivas em mulheres que não foram realizadas”, enfatizou.

A presidente da ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá), Nilva Olivi, trouxe ao debate a pauta do desenvolvimento econômico. Segundo ela, o avanço de Marabá depende de modernizar processos e reduzir entraves burocráticos. Para a dirigente, a chegada de novas empresas está diretamente relacionada à capacidade do município de criar um ambiente mais favorável ao empreendedorismo.

Entre os relatos mais contundentes da manhã, a fisioterapeuta Fabiana Andrade emocionou o plenário ao compartilhar sua experiência no atendimento no Hospital Materno Infantil (HMI). Atuando desde 2009 no SUS, ela afirmou que os últimos 11 meses foram marcados por retrocessos. “Quando a gente acha que não tem nada para piorar, ainda tem. A atual gestão está pecando muito. A violência começa na hora que a mulher grávida não tem seis consultas com médicos ou enfermeiras. Está insustentável trabalhar no Hospital Materno Infantil, é o que muitos profissionais estão colocando. Falta muito, tudo retrocedeu. Se a equipe hoje não faz um trabalho melhor é por falta de apoio à gestão”, disse.

Fabiana também relatou situações que considerou inadmissíveis: “Hoje, se queima uma lâmpada, é preciso os funcionários fazerem vaquinha. O café, há 11 meses, a gente faz vaquinha. Falta vontade política para mudar a realidade, mas a equipe do HMI é muito trabalhadora”, garantiu.

Além dos vereadores Ilker Moraes e Vanda Américo, também participaram da Escuta Social os vereadores Marcos Paulo da Agricultura, Maiana Stringari e Priscila Veloso. Representantes de diversas entidades comunitárias utilizaram a tribuna para apresentar demandas específicas e sugerir caminhos para melhorias em diferentes setores.

Após mais de quatro horas de diálogos intensos, a Câmara iniciou a elaboração de um documento consolidado que será encaminhado às autoridades competentes, para que as providências necessárias sejam adotadas. O encontro reforçou a importância de integrar a população às decisões sobre o futuro da cidade e reafirmou o compromisso do Legislativo com uma gestão mais participativa e alinhada às necessidades reais de Marabá.