O açaí, um dos frutos mais tradicionais e consumidos no Pará, está com o preço muito acima da média registrada nos últimos anos. Em Canaã dos Carajás, no sudeste do estado, a alta nos valores tem levado comerciantes a buscarem o fruto em outras regiões do Pará ou até mesmo fora do estado, o que tem gerado um custo adicional, tanto para os vendedores quanto para os consumidores.
“Hoje, como consumidor, entendo o preço mais caro. Já trabalhei vendendo açaí e sei o quanto é difícil nessa época do ano”, reconhece o professor Dario Borges.
Durante a entressafra, muitos comerciantes recorrem ao produto congelado para manter a clientela, mesmo com a queda na qualidade percebida por parte dos consumidores. “Nem todo mundo gosta do açaí congelado, mas é a forma que temos de garantir o fornecimento”, afirma o comerciante Eleandro do Nascimento.
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Segundo Everson Costa, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-Pará), a alta no preço do açaí este ano está relacionada a diversos fatores. “Além da entressafra, o fruto está sendo exportado para outros estados, e ainda há pessoas que compram e revendem a preços mais altos, o que encarece ainda mais o produto”, explica.
Ele também aponta que as mudanças climáticas influenciaram significativamente no aumento do valor. “No ano passado, a entressafra começou mais cedo por causa do clima, e isso se refletiu diretamente no preço final”, completa.
Apesar disso, há consumidores fiéis que não abrem mão do açaí diário. “Mesmo caro, a gente dá um jeito de comprar, porque não dá pra ficar sem”, confessa Eudo Gonçalves, auxiliar mecânico. O valor do produto está sendo comercializado em Canaã entre R$30 a R$35.
Para os que vivem do comércio do fruto, os últimos meses foram especialmente difíceis. Lourette Conceição, vendedor em Canaã dos Carajás, destaca que foi necessário importar açaí de outros estados para conseguir atender à demanda local.
Fernando Cavalcante, também vendedor, chegou a pagar até R$ 700 por um saco de açaí para bater. “O preço subiu demais e o número de clientes caiu bastante. Muita gente deixou de comprar porque não consegue mais pagar”, lamenta.
Com a alta constante nos preços e os desafios logísticos, o setor segue pressionado, e a expectativa é de que os valores se estabilizem apenas com o retorno do período de safra, mais adiante no ano.
(Flávia Orquiza)