Correio de Carajás

Entre terço e tratamento: a jornada de Izelda no Outubro Rosa

Em tempos de Círio, marabaense destaca importância do autoexame e da mamografia para diagnosticar o câncer de mama

Dona Izelda: “O câncer não é uma sentença de morte. Com fé, com amor e com apoio a gente vence”
✏️ Atualizado em 15/10/2025 17h45

Entre exames, orações e o carinho da família, a marabaense Izelda Martins Araújo Soares encontrou no amor e na fé o caminho para vencer o câncer de mama. Hoje, aos 52 anos, ela fala com serenidade sobre o tratamento que transformou sua vida e sobre a importância de cuidar de si mesma com o mesmo zelo com que sempre cuidou dos outros.

Trabalhadora da área da saúde, Izelda sempre manteve o hábito de realizar exames preventivos. Em 2024, durante uma rotina como qualquer outra, veio a descoberta que mudaria tudo: um pequeno nódulo na mama esquerda. “Quando vi o nome carcinoma no resultado, o chão se abriu”, lembra. “A gente tenta ser forte, mas é impossível não sentir medo.”

O diagnóstico trouxe lágrimas e, depois, coragem. “O momento mais difícil foi contar para os meus filhos”, relembra. “Eles já são adultos, mas eu pensava mais neles do que em mim. Quando ouvi deles que iam estar comigo em tudo, senti uma paz tão grande… foi ali que eu ganhei força para lutar.”

Leia mais:

Vieram então a cirurgia, as 16 sessões de quimioterapia e as cinco de radioterapia em Belém. Além dos dias de cansaço, vieram o enjoo, a tristeza, e as orações. “Quando a fraqueza batia, eu lembrava de Deus. Rezava meu terço, pedia a intercessão de Nossa Senhora. Ela nunca desampara os filhos.”

No Hospital Regional de Marabá, onde fez o tratamento, Izelda encontrou mais que médicos e enfermeiros: encontrou acolhimento. “A equipe é muito humana. Têm dias que a gente chega debilitada, e um simples gesto deles já te levanta.” No Instituto Esperança, conheceu mulheres que também enfrentaram o câncer e compartilharam histórias, conselhos e fé. “Esse apoio emocional faz toda diferença. Lá, eu aprendi que não estamos sozinhas.”

O amparo em Maria

Izelda relata que o tratamento nunca é fácil. O processo exige força, fé e discernimento e, também, traz recaídas, como ela mesma diz: “somos todos humanos”. Mas o que a sustentou nos momentos mais difíceis foi a sensação de não estar sozinha. “Era em oração. Rezava meu terço, sempre pedindo a intercessão de Nossa Senhora como mãe, pois Ela nunca desampara o filho”. Foi assim, em meio às orações e com o terço nas mãos, que Izelda encontrou refúgio e coragem para continuar.

“É importante nós, mulheres, conhecermos o nosso corpo”

Mais do que um relato de superação, a história de Izelda é também um lembrete. Em outubro, mês marcado tanto pelo Círio de Nazaré quanto pela campanha Outubro Rosa, fé e conscientização caminham juntas. “Se a gente conhece o corpo, qualquer coisa diferente que você achar – um sinal, um nodulozinho –, você já pode suspeitar”, explica, com a experiência, sob a vasta experiência na área da saúde.

Ela destaca ainda a importância do apoio nas Unidades Básicas de Saúde e do Instituto Esperança, em Marabá. “Lá eles te ajudam, orientam, encaminham para o médico. E, além disso, oferecem apoio emocional. Com as meninas que também fazem tratamento, formamos uma rede de apoio que ajuda muito a enfrentar esse momento.”

O autoexame de mama é uma ferramenta importante para que a mulher conheça melhor o próprio corpo e perceba mudanças suspeitas, como caroços, alterações na pele ou secreções. Mas, como lembra Izelda, ele não substitui os exames realizados por profissionais de saúde, como a mamografia. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura e de um tratamento eficaz.

Hoje, Izelda segue com acompanhamento periódico junto à oncologista e celebra a ausência de vestígios da doença. “Eu já me sinto curada”, diz, com um sorriso leve. O tratamento trouxe mudanças: uma alimentação mais saudável, caminhadas diárias e um novo olhar sobre o tempo e o corpo. “Antes, a gente só pensa em trabalhar e esquece da gente. Agora, eu me cuido, vivo com mais calma, mais amor.”

Para ela, a mensagem é clara: não desistir nunca. “O câncer não é uma sentença de morte. Descobrir cedo faz toda a diferença. E, com fé, com amor e com apoio, a gente vence.”

Entre uma pausa e outra na fala, Izelda segue com um olhar tranquilo. “Hoje, eu agradeço todos os dias. Porque descobri que Deus tinha muito mais pra mim, e que viver é um dom que precisa ser cuidado.”

CLOSE
CLOSE