Correio de Carajás

Entre barras e pesos, Bianca ganhou força para ser mãe

Bianca diz que o esporte a ajudou a celebrar sua feminilidade, a despeito da estigmatização social

No CrossFit, onde a determinação se entrelaça com a superação, as mulheres erguem pesos e rompem barreiras em uma jornada de empoderamento e transformação pessoal. Entre os ferros e pneus, sob os holofotes das academias, há histórias de força, resiliência e autoconhecimento que vão muito além das paredes dos boxes. É o caso de Bianca de Paula, uma professora de inglês.

Muito mais do que um programa de exercícios, a modalidade emergiu como um catalisador para o empoderamento feminino, transformando e desafiando estereótipos na vida da mãe e marabaense por meio da prática há cinco anos, sendo um testemunho vivo da força, determinação e resiliência feminina.

Desde sua infância, a jovem de 35 anos estava imersa no mundo esportivo, tendo praticado handebol na escola e explorado até mesmo o skate durante a adolescência. No entanto, entre a correria do dia a dia e os desafios de se tornar mãe, conta que deixou para trás sua relação com o exercício físico: “Me vi em um estado de sedentarismo e fui atrás de me reconectar com meu corpo e toda a força interior que sempre tive”.

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Foi em 2020 que ela deu o seu primeiro DoubleUnder e decidiu experimentar o CrossFit, motivada pela curiosidade e encorajamento de amigos. Para Bianca, as primeiras aulas foram desafiadoras, mas ela logo se viu cativada pelo ambiente inclusivo e pelo espírito competitivo com quem logo se correlacionou, que é comumente convencional no interior desta comunidade.

Nem mesmo a pandemia, quando as restrições de acesso à academia foram impostas, foi suficiente para desvincular a moça e a modalidade. Foi se adaptando às circunstâncias, treinando em casa com o apoio e orientação de seu coach, que ela fez questão de manter viva a paixão pelo CrossFit mesmo diante das adversidades.

O que torna sua história ainda mais inspiradora é como o esporte a ajudou a reconhecer e celebrar sua feminilidade, considerando a estigmatização da prática perante a sociedade. Longe de torná-la “masculina”, como a maioria poderia presumir, o CrossFit a fez abraçar ainda mais suas características femininas, enquanto cultivava sua força física e mental.

Ela destaca a crescente presença feminina no mundo do CrossFit, onde as mulheres não apenas competem, mas prosperam. As competições internacionais, como o CrossFit Games, se tornam um palco para demonstrar a força, a resiliência e a determinação das mulheres, desafiando concepções antiquadas sobre o papel feminino no esporte: “No crossfit games, a competição que eu acho mais bonita de assistir é a feminina porque você vê a força daquelas mulheres que são mães, esposas, filhas e estão dentro desse esporte”, cita.

Quando questionada sobre possíveis críticas ou preconceitos, sua resposta sobra confiança. Nunca lhe disseram que o CrossFit era “muito masculino” para ela, e ela defende apaixonadamente sua escolha de praticar o esporte que a inspirou e fortaleceu

Ela compartilha como a modalidade a ajudou a superar barreiras do dia a dia de uma forma inesperada: ser uma mãe mais ativa e energética, encontrando equilíbrio entre família, trabalho e saúde pessoal. As palavras de Bianca chegam como um testemunho do impacto positivo que o esporte pode ter em todas as áreas da vida de uma mulher.

“Aos seis anos, com aquele fogo de correr e de brincar, mas de, ainda assim, gostar de ficar em colo, o exercício físico surgiu como uma forma de poder oferecer ao meu filho algo que eu nunca o neguei: o ter em meus braços”, afirma.

No âmago da relação de Bianca e o CrossFit, há uma mensagem poderosa de empoderamento feminino. O CrossFit não é apenas um exercício físico; é uma jornada de autodescoberta, superação de limites e celebração da força interior feminina. É um lembrete inspirador de que as mulheres são capazes de tudo e podem conquistar qualquer desafio que se apresente em seu caminho. (Thays Araujo)