Correio de Carajás

Entidades judaicas criticam Monark após influencer defender existência de partido nazista

Podcaster fez comentário sobre nazismo no Flow Podcast desta segunda (7). CONIB 'condena de forma veemente defesa da existência do partido'. Ele disse que foi tirado de contexto e depois pediu desculpas e disse que estava bêbado.

Monark, apresentador do Flow Podcast / Foto: Reprodução/YouTube/FlowPodcast

Organizações judaicas criticaram Monark, apresentador do Flow Podcast, por defender a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido legalmente no Brasil. Após a repercussão negativa da fala, o podcaster perdeu patrocínios, pediu desculpa e disse que estava bêbado.

O comentário de Bruno Aiub, conhecido como Monark, foi feito no podcast desta segunda (7), no qual participavam Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB).

O Flow é um dos podcasts com maior audiência do Brasil e tem 3,6 milhões de inscritos só no YouTube. Ele foi criado por Monark e por Igor Coelho (Igor 3K). O podcast já perdeu patrocinadores e Monark foi muito criticado após questionar no Twitter se “ter opinião racista é crime” em 2021.

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Nesta terça-feira, Monark disse: “A esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço. Eu sou mais louco que todos vocês. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei“.

Tabata rebateu o comentário de Monark ao falar que a “liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco a vida do outro”.

“O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, afirmou a parlamentar.

Além da forte repercussão nas redes sociais, organizações judaicas, como a Confederação Israelita do Brasil e Federação Israelita de São Paulo, repudiaram os comentários de Monark.

“A CONIB (Confederação Israelita do Brasil) condena de forma veeemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o “direito de ser antijudeu”, feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast. O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera ‘inferiores'”, diz uma das notas.

Já a Federação Israelita Paulista descreveu como “absolutamente inaceitável” a manifestação de Monark.

“Nós, da Federação Israelita do Estado de São Paulo, repudiamos de forma veemente esse discurso e reiteramos nosso compromisso em combater ideias que coloquem em risco qualquer minoria”.

Leia notas na íntegra abaixo:

 

CONIB – Confederação Israelita do Brasil

 

A CONIB (Confederação Israelita do Brasil) condena de forma veeemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o “direito de ser antijudeu”, feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast. O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera “inferiores”. Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica.”

Federação Israelita SP

 

Na noite dessa segunda-feira (7), o host do “Flow Podcast”, Bruno Aiub, o Monark, manifestou-se de modo absolutamente inaceitável enquanto entrevistava os deputados federais Kim Kataguiri e Tábata Amaral. Aiub defendeu, de forma expressa, o direito de alguém querer ser anti-judeu, bem como o direito à existência de um partido nazista no Brasil.

Mesmo contestado pela deputada Tábata Amaral, Monark insistiu que suas falas estariam escudadas no princípio da liberdade de expressão, demonstrando, a um só tempo, desconhecer a história do povo judeu, e a natureza de um princípio constitucional essencial, muitas vezes deturpado por aqueles que insistem em propagar um discurso que incita o ódio contra minorias.

Nós, da Federação Israelita do Estado de São Paulo, repudiamos de forma veemente esse discurso e reiteramos nosso compromisso em combater ideias que coloquem em risco qualquer minoria. Manifestações como essa evidenciam o grau de descomprometimento do youtuber com a democracia e os direitos humanos“.

Respostas de Monark

 

Após a repercussão negativa de sua fala, Monark publicou um vídeo de oito minutos dizendo que ela foi tirada de contexto e que ele considera o nazismo abominável. Monark argumentou no vídeo que defende a liberdade de expressão para “saber quem é idiota para que a gente possa ou educar essa pessoa, se for possível afastar essa pessoa e, se ela estiver cometendo um crime, punir essa pessoa”. “É muito mais fácil descobrir quem ela é se a gente deixa ela falar”, ele argumentou. Ele também se disse vítima da “cultura do cancelamento”

Depois ele publicou um novo vídeo dizendo que errou e que pediu desculpas. Monark afirmou que estava bêbado durante o programa, pediu compreensão e convidou pessoas da comunidade judaica a ir ao seu programa conversarem com ele e explicarem mais “sobre toda a história” a ele. (G1)