O Exame Nacional do Ensino Médio para Privados de Liberdade (Enem PPL) Iniciou nesta terça-feira (12). No Pará, 5.282 custodiados estão aptos a concorrer, e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) espera bater um novo recorde de aprovações, como ocorreu em 2022.
No ano passado, 464 custodiados foram aprovados, bem acima dos 223 de 2021. O aumento demonstra o resultado dos investimentos do governo do Estado na ressocialização pela educação como meio transformador de vidas. As provas do Enem PPL 2023 serão realizadas em todas as 54 unidades prisionais e socioeducativas do Pará.
Marco Antônio Sirotheau Corrêa Rodrigues, titular da Seap, falou sobre o papel da Secretaria no incentivo à educação dos internos e a importância para a ressocialização. “Eu digo que a vida dessas pessoas tem que mudar, e a educação muda a vida das pessoas. O Governo do Pará está trabalhando justamente para que eles possam voltar para a sociedade de uma nova forma; transformados, com a vida mudada. E isso começa no processo da educação. Depois vai para o trabalho, para a profissionalização, e é realmente esse o papel da Secretaria de Administração Penitenciária”, enfatizou o secretário.
Leia mais:O Enem PPL tem o mesmo formato da avaliação do modelo tradicional, com 180 questões objetivas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e redação. É voltado para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa. As últimas provas, nesta quarta-feira (13), serão realizadas à tarde, das 13h30 às 18h30.
Desafios – Patrícia Sales, coordenadora de Educação da Seap, disse que apesar do sucesso em alcançar bons resultados, sempre há desafios. O principal apontado por ela foi conseguir inscrever 5.282 candidatos, além das dificuldades em realizar os exames preparatórios. Entretanto, segundo a coordenadora, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) tem reconhecido a dedicação e o trabalho da Seap em favor da educação. “A Senapem percebeu que a cada ano aumentamos não só o número de inscritos, mas também de aprovados. As 52 televisões que ganhamos, uma para cada unidade, foram um apoio para ampliar o preparatório em todas as unidades”, informou.
Outro ponto destacado por Patrícia Sales é a parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). “O Senapem nos ajudou muito. A Seduc divulgou aulas on-line e o Senapem doou televisões para fazer os preparatórios on-line. Isso vai gerar um grande número de aprovações a partir desse apoio (da Senappen) e do avanço dessa parceria com a Seduc. Nossa perspectiva é que pelo menos metade dessa população consiga alcançar a média para garantir uma vaga na universidade”, ressaltou.
Aumento na aprovação – O diretor de Reinserção Social da Seap, Valber Duarte, disse que os resultados do Enem PPL têm surpreendido a Seap a cada ano. “Têm sido bastante expressivos. No ano passado, nós tivemos a maior aprovação da história”, informou. Ele lembrou que nos últimos anos, desde a criação da Seap, houve um aumento no número de inscritos. Um comparativo com 2022 mostra um aumento superior a 105%. Para o diretor, isso é o resultado do trabalho da Coordenação de Educação e dos investimentos na ressocialização dos custodiados.
“Nós temos 5.282 aptos ao Exame. A gestão está focada realmente na educação, no trabalho, e estamos avançando muito em todas as áreas. E eu creio que nós também teremos um grande número de aprovação esse ano. Vai ser muito importante esse avanço para todo o processo, esse ciclo de ressocialização que é feito pelo Estado do Pará, através da Secretaria de Administração Penitenciária”, assegurou.
Confiança – Ronaldo Maciel, que almeja uma vaga no curso de Engenharia da Computação, falou sobre suas expectativas para o resultado da prova. “Eu me preparei, e acredito que vou fazer uma boa prova. Vou conseguir realizar o sonho de ingressar em uma faculdade. Conseguir essa vaga é uma oportunidade para mudar a minha vida e poder ajudar a minha família da melhor forma possível, de uma forma honesta”, acrescentou.
Segundo o interno, estar dentro do cárcere manteve seu foco em alcançar seu objetivo. “Lá fora eu poderia perder esse foco, porque existem muitas tentações, propostas de pessoas que ainda continuam no crime, querendo que eu continue fazendo coisas erradas. E aqui no cárcere eu consegui me ressocializar e ter uma nova visão sobre a mudança da minha vida, o que eu quero para mim hoje. Porque eu tenho um filho adolescente e preciso ser um espelho para ele. Se eu for um espelho que reflete uma imagem ruim, ele pode seguir os passos que eu segui, e é isso que eu não quero para ele. Eu entrei na vida do crime por necessidade, e meu filho não precisa disso. O que quero mostrar para ele é que, através do esforço na educação, ele pode conseguir um bom emprego e ter uma boa renda”, contou Ronaldo Maciel.
(Agência Pará)
Texto: Márcio Sousa e Kaila Fonseca – NCS/Seap