O Rio Tocantins ainda não recuou mas já deixou de subir no ritmo que vinha tendo nos últimos 10 dias, de 40 a 50 centímetros por dia. De quinta para esta sexta-feira (7) o nível em Marabá passou de 11,68 para 11,69. Além de três dias sem chuva sobre a cidade, a manobra no reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí pode ajudar a explicar a estabilização: 20 das 23 compostas estão totalmente abertas na barragem, vertendo água para a jusante.
O CORREIO apurou que até o próximo dia 15, todas as 23 comportas deverão estar abertas e assim permanecer até meados de abril. Este ano, isso precisou ser feito um mês mais cedo, uma vez que o normal é entre a primeira quinzena fevereiro e primeira semana de março. Desde que a segunda etapa da UHE Tucuruí entrou em funcionamento, é a primeira vez que os vertedouros são abertos tão cedo.
A manobra teve início no dia 3, com apenas 5 vertedouros abertos, mas na quinta-feira (7) chegou a 20. O gerente do Centro de Operação da Geração Hidráulica, Wanderley Santos, explica que a manobra é necessária para dar vazão à água do Rio Tocantins e estabilizar o nível do lago, a fim de evitar que as águas ultrapassem a cota máxima de 74 metros. Todo o processo segue os protocolos da Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e é essencial para que haja o mínimo de impacto para as comunidades ribeirinhas.
Leia mais:Wanderley disse que agora a expectativa é controlar o máximo possível a vazão do Rio Tocantins, já que o volume de chuvas nas regiões acima de Tucuruí está atípico, o que causa impacto no nível do lago e consequentemente no nível a jusante.
“É preciso que as comunidades e as autoridades saibam que muita chuva ainda vai atingir a região a jusante e essa combinação força a gente a abrir o vertedouro bem antes do tempo costumeiro, em fevereiro ou março. Contudo, estamos trabalhando para causar o menor impacto possível”, enfatiza o gerente.
Todos os anos a manobra é feita visando a segurança e a manutenção do nível do reservatório. A antecipação na abertura do vertedouro acontece em razão da quantidade de chuva atípica para esta época do ano nas cabeceiras dos rios Tocantins e Araguaia.
REUNIÃO
Representantes da Eletronorte, Defesa Civil de Tucuruí e Breu Branco, e do 23º Esquadrão de Cavalaria de Selva do Exército se reuniram) para discutir ações de enfrentamento à cheia do Rio Tocantins. Os técnicos da Empresa apresentaram os dados do monitoramento hidrológico, que ainda prevê chuva acima do normal para os próximos dias. Durante a reunião, que aconteceu no edifício de Comando da Usina Hidrelétrica Tucuruí, foram apresentados os índices de vazão que estão passando pelas 20 comportas do vertedouro já abertas.
A previsão apresentada pelo gerente do Centro de Operação da Geração Hidráulica, Wanderley Santos, é de que haverá cheia na região a jusante da Usina. Equipes da Defesa Civil e outras autoridades devem se preparar para mobilizar as comunidades que poderão ser atingidas por alagamentos.
“É preciso esclarecer que a Eletronorte, com base nos dados de monitoramento, fará a abertura gradual das comportas visando manter o nível do lago seguro, sem impactar de forma abrupta as comunidades ribeirinhas. Há previsão de cheia devido à quantidade de chuvas atípicas na região acima da barragem. Mas sem esse monitoramento o impacto seria bem maior, visto que todo esse grande volume de água passaria sem controle, inundando muitas áreas em Tucuruí e municípios abaixo da Usina”, explica o gerente.
O nível do reservatório está em 70,67 metros e ontem passavam pelas comportas 9.110 metros cúbicos de água por segundo. A Divisão de Operação da Usina Tucuruí monitora, diuturnamente, o impacto das chuvas acima da barragem para manter as autoridades informadas com dados precisos.
A Defesa Civil de Tucuruí trabalha com a previsão de que 100 famílias devem ser atingidas pela enchente na cidade. O órgão já emitiu alerta aos moradores dos bairros Matinha e Beira Rio.
Participaram da reunião, também, os gerentes da Divisão de Manutenção Civil da Usina Tucuruí, André Alessandro Nogueira, e do Departamento de Operação da Geração Hidráulica, Nielson Miranda Faria, ambos a frente do Plano de Ação de Emergência (PAE) e o Plano de Contingência (Plancon) da UHE Tucuruí. (Da Redação, com Eletronorte)