Correio de Carajás

Empregados de Serra Leste fecham PA-275 pedindo ampliação do projeto

Empregados da mineradora Vale e de terceirizadas da empresa mantêm fechada a rodovia PA-275, em Curionópolis, na saída para Parauapebas. Eles fecharam a pista ainda de madrugada, por volta de 5 horas, em protesto pela lentidão na liberação de uma nova licença para expansão da exploração de minério do Projeto Serra Leste, que fica em Curionópolis, no sudeste do Pará.

De acordo com os manifestantes, a partir do dia 30 deste mês, se não houver a liberação da nova licença de operação, já estão programadas as férias coletivas de todos os mais de mil funcionários que trabalham no projeto, sendo 350 da Vale e 800 de empresas terceirizadas.

Usando pneus, que foram incendiados, eles mantêm a pista bloqueada e dizem que agora no início da tarde realizariam reunião para avaliar se liberam ou não pista. Em 2015, também pedindo a liberação de licença de ampliação de exploração do projeto, eles mantiveram a PA-275 fechada por mais de 24 horas.

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Na época, estava sendo pleiteada a liberação da licença de exploração, ampliando de quatro para seis milhões de toneladas de ferro por ano. Agora, a Vale espera conseguir a licença ampliando a exploração de 6 para 10 milhões de toneladas ano.

Segundo a mineradora, na fase de implantação da nova etapa serão gerados 1.500 empregos diretos e indiretos e 600 durante a exploração. A empresa já entregou toda documentação exigida para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) do Pará, mas até agora, segundo os manifestantes, não houve resposta.

Por conta disso e ante a iminência de ficarem desempregados, decidiram radicalizar e fechar mais uma vez a PA-275, na tentativa de forçar o Governo do Estado a se posicionar sobre o projeto, que é a principal matriz econômica do município. O comandante da 23º Batalhão da Polícia Militar de Parauapebas, major Gledson, esteve no local tentando negociar com os manifestantes a liberação da pista, mas não houve acordo.

Eles, no entanto, concordaram em liberar a passagem de veículos oficiais e ambulâncias. Segundo Rosa Castro, técnica de processo, muita gente vai ficar em situação difícil financeiramente, se forem desempregados.

“Aqui todos nós dependemos desse projeto para sustentar nossas famílias. Se não houver a ampliação, estaremos todos desempregados”, protesta.

O Projeto Serra Leste iniciou sua atividade de exploração em 2015  e prevê a extração e o beneficiamento de 107 milhões de toneladas de minério de ferro, totalizando um tempo de vida útil de aproximadamente 11 anos.

O projeto começou com a exploração de quatro milhões de toneladas, depois foi ampliado para seis milhões e agora a Vale requereu à Semas o licenciamento para expansão para 10 milhões por ano. A exploração de seis milhões já foi exaurida e, se não houver a expansão, a mineradora vai dar férias coletivas aos seus empregados.

A previsão é de que 1.300 vagas sejam geradas na fase de construção. Porém, a mobilização de mão de obra será gradativa, ou seja, conforme o avanço das etapas do projeto, que incluem: abertura e ampliação das cavas, na primeira fase e construção das estruturas como usina e pilhas de estéril, no período seguinte.

Sem barragem

Em virtude da alta qualidade de teor de minério presente em Serra Leste, a unidade opera a seco, ou seja, sem a utilização de água. A nova usina a ser implantada utilizará o mesmo processo, o que descarta a implantação de barragens.

O sistema também já é usado no Complexo S11D Eliezer Batista implantado em Canaã dos Carajás e em mais de 70% das linhas de produção de Carajás, em Parauapebas. (Tina Santos)