Correio de Carajás

Embrapa lança curso gratuito sobre recomposição de regiões deterioradas na Amazônia

Curso on-line indica espécies e apresenta estratégias de restauração florestal na Amazônia/Foto: Divulgação
Por: Luciana Araújo
✏️ Atualizado em 18/11/2025 17h30

A recuperação do meio ambiente é tema de um curso on-line recém lançado pela Embrapa. O “Trilhas da aprendizagem em recomposição de áreas degradadas ou alteradas nos biomas brasileiros – módulo Amazônia”, chega na plataforma E-campo de forma gratuita, certificado e com carga horária de 45 horas. Inscrições podem ser realizadas no link: https://ava.sede.embrapa.br/login/index.php.

Foi durante um painel realizado na sexta-feira (15), que temas como crédito, regularização fundiária e assistência técnica foram abordados como os principais desafios para ampliar a restauração de regiões deterioradas. O evento reuniu cientistas, gestores públicos e representantes de organizações da sociedade civil para debater sobre a gestão sustentável do território e o compromisso do Brasil com a conservação da Amazônia.

Silvio Brienza e Noemi Leão, pesquisadores da Embrapa e conteudistas do curso, ressaltam que o material apresentado na capacitação on-line resulta de quatro décadas de pesquisa florestal na Amazônia. “Esse material traz resultados da pesquisa de forma didática, com linguagem acessível para profissionais da área florestal, produtores rurais, estudantes e gestores públicos”, afirma Noemi.

Leia mais:

Ao que Brienza complementa: “Geramos conhecimentos sobre espécies potenciais, zoneamento topoclimático, estratégias de restauração, entre outros aspectos”.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

No debate de sexta-feira, os desafios da restauração tiveram lugar de destaque. Só no estado do Pará o passivo ambiental é de aproximadamente 23,2 milhões de hectares de áreas abertas sem vegetação nativa, o que representa cerca de 18,6% do território do estado. Esses espaços estão distribuídos principalmente em propriedades particulares e assentamentos.

É Alexssandra Madergan, promotora de Justiça Agrária, quem enfatiza que a restauração nas áreas de assentamento depende de acesso a crédito, regularização fundiária, assistência técnica, conhecimento e apoio do poder público.

“É impossível restaurar se essas famílias passam fome. É fundamental pensar em modelos de restauração que gerem renda e tragam dignidade para essas famílias”, frisa.

Ou seja, diversas estratégias de restauração, desde intervenções diretas, como o plantio de sementes, ou mesmo o simples isolamento da área (regeneração natural), requerem investimentos do agricultor.

“É preciso destravar mecanismos de financiamento para a restauração e fazer com que cheguem na ponta”, é o que afirma Ludmila Pugliese, da Conservação Internacional.

Por sua vez, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que de 2021 a 2030 é a década da restauração dos ecossistemas e um dos eixos é viabilizar a restauração em larga escala. Para Pugliese, a capacitação é imprescindível para atingir os objetivos decretados pela ONU. “Esse curso cria bases para dar escala à restauração”, acrescenta.

Participaram do debate também representantes da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar, Meio Ambiente e Sustentabilidade; do Ideflor-Bio; e da Federação da Agricultura do Estado do Pará. (Com informações da Embrapa)