Correio de Carajás

Embate entre professor e mineradora tem mais um capítulo

Embate entre professor e mineradora tem mais um capítulo

Agora está nas mãos da Justiça. Depois de duas horas de depoimentos de testemunhas e também de debates entre defesa e acusação, terminou a audiência de julgamento do processo movido pelo Ministério Público contra o professor Evandro Medeiros, em razão de denúncia feita pela Mineradora Vale contra o educador, em Marabá.

Evandro é acusado de liderar protesto realizado em 20 de novembro de 2015 nas imediações da Estrada de Ferro Carajás (EFC), em Marabá, que teria colocado em risco a segurança ferroviária, crime previsto no Código Penal Brasileiro (CPB). A sentença do Poder Judiciário deve sair dentro de dois meses.

Enquanto, na sala de audiência, o professor e seus advogados argumentavam diante do Ministério Público na presença do representante do Poder Judiciário, do lado de fora do Fórum de Justiça um grupo de manifestantes com faixas, cartazes e carros de som se solidarizava com o professor. O protesto foi articulado por mais de 10 entidades ligadas aos direitos humanos e na luta contra o modelo de mineração vigente no País.

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Ativistas e professores filiados ao SindUnifesspa encabeçaram protesto

Professores filiados ao Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (SindUnifesspa) encabeçaram o protesto pacífico de apoio a Evandro, que é servidor da universidade há duas décadas.

Na audiência, estudantes da universidade foram testemunhas de defesa. Já o Ministério Público arrolou dois funcionários e seguranças da mineradora. Durante a sessão, a juíza Renata Guerreiro Milhomem de Souza fez questão de assegurar que da parte dela não há perseguição política contra Evandro e que ela prima pelo exercício jurídico ético e dentro das postulações constitucionais.

Ao final, foi concedido ao professor o direito de fazer um relato de sua trajetória como professor pesquisador e produtor de documentários sobre questões que envolvem os impactos socioambientais causados pelas atividades da mineração sobre comunidades camponesas, indígenas e a sociedade local.

Ao final dos depoimentos e debates, foi dado um prazo de 15 dias para acusação e defesa analisarem tudo e protocolarem seus recursos. Depois disso, a juíza manifestará sua sentença. “Aguardemos os próximos momentos dessa batalha”, disse o professor. (Chagas Filho)