Correio de Carajás

Em 10 anos, energia aumentou quase 172% no Pará, mais que o dobro da inflação

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Em 10 anos, o aumento da tarifa de energia elétrica no Pará foi de quase 172%, mais que o dobro da inflação registrada para o mesmo período, segundo levantamento do escritório regional do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Agora, a revisão tarifária acende o sinal de alerta para um novo reajuste e com ele o encarecimento do custo de vida no Pará, uma vez que a energia elétrica no estado tem pesado bastante no orçamento das famílias, além de encarecer a produção e a prestação de serviços.

O reajuste proposto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) neste ano foi de 18,31% para consumidores residenciais, tendo como efeito médio um percentual de aumento de 16,85%. A revisão considera a redefinição das taxas, a cobertura dos custos operacionais eficientes e a remuneração dos investimentos realizados.

Leia mais:

Por enquanto, estes novos reajustes estão suspensos no Pará, conforme deliberado na 27º Reunião Pública Ordinária da Aneel ocorrida em Brasília/DF, quando o Governo do Estado solicitou a suspensão.

ALTAS

As análises do Dieese mostram que de 2013 a 2022, enquanto a Tarifa de Energia Elétrica Residencial no Estado do Pará acumulou alta de 171,93% a inflação acumulada medida pelo INPC/IBGE para o mesmo período foi de apenas 73,39%, ou seja, os aumentos concedidos na Tarifa de Energia subiram mais que o dobro da inflação. É justamente esta inflação que serve como parâmetro para os reajustes dos salários da maioria dos trabalhadores em todo o Brasil.

Mesmo que os salários fossem completamente corrigidos pela inflação, ainda assim não conseguiriam acompanhar os fortes aumentos que ocorrem não só no caso da energia elétrica, mas também nos preços dos alimentos, gastos com saúde, educação, aluguel, etc.

Os trabalhadores que recebem apenas um salário mínimo de renda mensal são os que enfrentam as maiores dificuldades para garantir a sobrevivência. A Cesta Básica dos paraenses, também pesquisada pelo Diesse, mostra que o impacto da aquisição do conjunto de alimentos básicos que a compõem compromete em média mais da metade (53,27%) do atual salário mínimo de R$ 1.320,00 do paraense, sobrando, portanto, pouca coisa ou quase nada para as demais despesas do trabalhador e da família.

Ainda conforme o departamento, o contingente de trabalhadores paraenses que recebem mensalmente um salário mínimo representa mais da metade da força de trabalho ocupada no Estado. Os dados da PNAD/Continua do IBGE mostram que, no 1º trimestre deste ano, quase 3,7 milhões de trabalhadores paraenses estavam ocupados e, deste total, quase 2 milhões de pessoas recebiam apenas um salário mínimo. (Da Redação)