Correio de Carajás

EFA comemora 10 anos neste sábado com lançamento de cordel

Professores fazem atendimento personalizado aos alunos da EFA, que celebra 10 anos neste sábado

Para a Escola Família Agrícola (EFA) Professor “Jean Hébette”, localizada no km 23, sentido Itupiranga, o dia 18 de maio será marcado por festividades. A data foi escolhida para marcar o 10º aniversário da instituição e o “Dia D”, que promove a presença da família na escola.

Na oportunidade, será lançado o Livreto de Cordéis “Uma história entre versos: 10 anos de lutas, conquistas e persistências”, escrito pelos alunos do 8° ano a partir de temáticas trabalhadas em sala de aula, sob coordenação das professoras Laís de Nazaré dos Santos e Kamila Oliveira Lopes. Os 22 autores terão um momento especial dedicado a uma sessão de autógrafos nos livros, que serão distribuídos para suas famílias.

Com o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) entre as escolas do campo do município, a EFA é referência nos projetos ligados à escrita. A proposta, iniciada em 2022 e intitulada “Escrita, Memórias Literárias e Cartografias Sociais”, é fruto de uma parceria interdisciplinar entre as professoras Laís e Kamila, docentes de português e geografia, respectivamente. Em 2024, elas lançam a quarta edição da série de trabalhos, que são apresentados em formato de livreto de cordéis.

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Neste livro, estão retratados os 10 anos de história da EFA, passando pela trajetória da liderança quilombola Fátima Barros, e memória de lutas e resistência das pessoas que atuam pela Amazônia, como os ativistas ambientais Zé Cláudio e Maria, Chico Mendes e Irmã Dorothy.

Laís usa substantivos singulares como autores, cronistas, poetas, poetisas e cordelistas para descrever seus alunos, e diz que o método ajuda na construção da identidade deles. A professora conta que a cada ano eles tentam superar a turma anterior e, em 2024, o 8° ano buscou superar o aluno Marlon, cordelista modelo da escola. “Eles são dedicados e engajados, seus colegas são suas inspirações dentro do projeto”, acrescenta.

Em cada edição, os alunos fazem entrevistas com personagens importantes para a construção dos cordéis, que são essenciais para se aprofundarem nas temáticas que serão abordadas.

Foram entrevistados várias pessoas que fizeram parte da EFA,

um dos temas da entrevista foi a antiga EFA

Quem eram os funcionários

E como era ela.

Muitos deles, agora, são funcionários da escola,

E desempenham diferentes tarefas.”

 

(trecho retirado do “Uma história entre versos: 10 anos de lutas, conquistas e persistências””

 

A docente Laís conta que alguns alunos chegam ao 6° ano com pouca alfabetização e, por isso, têm de se dedicar o dobro com os mais novos. A escola irá homenagear como “alunos destaques” os gêmeos Everton e Lerverson, que são exemplos dos que chegaram sem saber ler e escrever e aprenderam no decorrer do projeto.

Na homenagem, receberão uma caixa misteriosa com algumas lembranças, seus primeiros textos e um livreto dedicado aos seus poemas e cordéis. “O livreto se refere à trajetória deles. São meninos muito bons e carinhosos e construíram uma história muito bonita na escola”, conclui Laís.

SOBRE A EFA

O diretor da EFA, Rafael Marques Soares, elogia o trabalho das professoras e explica que a história da EFA pode ser dividida em dois momentos: o primeiro, de 1994 até 2010, marcado pelo início do plano até o seu fechamento, na antiga FATA. O segundo momento teve início no dia 19 de maio de 2014 e segue com as atividades até hoje, mantidas por uma equipe de professores dedicada e com apoio da Prefeitura de Marabá, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SEMED).

A escola segue o modelo de ensino chamado pedagogia da alternância, proposta educativa voltada para as famílias do campo. O método busca a interação entre o estudante que vive no campo junto a realidade que vivencia no seu cotidiano com o ambiente escolar. A cada ano, são recebidos cerca de 100 alunos, de diversas localidades dos municípios de Marabá, Itupiranga, São João do Araguaia, São Domingos e Novo Repartimento.

A metodologia é essencial para aqueles alunos que vivem em comunidades distantes e não conseguem acessar as escolas da região com facilidade, seja pelo trabalho no campo ou pela péssima condição das estradas e falta de transportes, como relatado pelos próprios alunos. Na EFA, os períodos de aulas são divididos entre o tempo escola e o tempo comunidade, em que ficam 15 dias em cada “casa”.

No primeiro momento, são recebidos os alunos do 6º e 7º anos, e no próximo ciclo, os alunos do 8º e 9º anos. As crianças ficam em alojamentos e para o melhor funcionamento, são estabelecidas rotinas de cuidados com a escola. As atividades incluem molhar a horta, lavar louças, fornecer água para os animais e separar comida para a pocilga, entre outras.

(Mirella Carvalho- estágiaria)