Correio de Carajás

É Fogo! É Arrastão! É Fuá! Marabá brilha em concurso estadual de quadrilhas

Fogo no Rabo, Arrastão do Amor e Fuá da Conceição dominaram o pódio no evento que reuniu, em Itupiranga, quadrilhas de várias cidades do Pará

Fogo no Rabo, Arrastão do Amor e Fuá da Conceição se destacaram no concurso estadual e garantiram vaga no Concurso Nacional em Canaã/Crédito das fotos: Secom/Marabá; Secom/São Pedro da Água Branca (MA); Reprodução/Instagram: Fuá da Conceição

Foi dada a largada! Com a chegada do mês mais animado do ano, as quadrilhas juninas já estão a todo vapor na disputa pelo título de campeãs da temporada. No último domingo (22), foi realizada a final do Pré-Nacional de Quadrilhas Juninas, no município de Itupiranga. A competição começou na sexta-feira (20), reunindo grupos de diferentes cidades do Pará e Maranhão.

Na sexta-feira (20), sete juninas abriram a programação: Fumaça do Rabo (Itupiranga), Rei do Cangaço (Parauapebas), Splendor Junino (Marabá), Noda de Caju (Marabá), Encanto Junino (Breu Branco), Junina Sedução (Marabá) e Sereia da Noite (Marabá).

No sábado (21), foi a vez de Arretados da Paixão (Marabá), Rabo de Palha (Parauapebas), Junina Evoé (Tucumã), Coração Nordestino (Canaã dos Carajás), Amor Perfeito (Marabá), Luar Junino (Conceição do Araguaia), Junina Assoardh (Eldorado do Carajás), Flor do Sertão (Parauapebas), Junina Bagaceira (Conceição do Araguaia) e Simpatia Junina (Tracuateua).

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Encerrando a festa no domingo (22), subiram à arena: Coração Caipira (Redenção), Junina Canaã (Canaã dos Carajás), Orgulho Nordestino (Brasil Novo), Junina K-atinguellê (Canaã dos Carajás), Fuá da Conceição (Marabá), Fogo no Rabo (Marabá) e Arrastão do Amor (Marabá).

PÓDIO MARABAENSE

O grande destaque da edição foi a força das quadrilhas de Marabá. Após uma disputa acirrada, o pódio foi formado por três grupos do município: Fogo no Rabo em 1º lugar, seguida por Arrastão do Amor e Fuá da Conceição em 3º.

Com leveza e experiência, a Fuá da Conceição apresentou o tema “Miriti – Joia Rara de Abaeté”, uma viagem pela cultura da capital mundial do brinquedo de miriti — o “isopor da Amazônia”, usado como alimento, poção medicinal e arte popular.

Em entrevista ao CORREIO, o presidente Anderson Alves falou sobre o equilíbrio da competição: “A disputa foi decidida em poucos décimos e esse ano já havíamos empatado nas notas em primeiro lugar em Jacundá com uma das juninas do pódio”, relembra Anderson.

Ele ainda destacou que a decisão foi justa. “Decidido nos mínimos detalhes”, afirma.

À frente da Fuá da Conceição, Anderson Alves posou com o troféu de vice-campeão

No total, 27 pares fizeram parte da apresentação, e o mesmo número será levado à disputa em Marabá.

A emoção foi grande no encerramento da apresentação. “A Fuá levou somente a quadrilha e mais 15 pessoas de apoio para Itupiranga. Ao final da apresentação fomos surpreendidos, sendo ovacionados com toda a plateia de pé, gritando ‘já ganhou’. Foi uma energia surreal de um público que não havia tido contato com o nosso espetáculo”, relembra.

Sobre a torcida, Anderson destaca. “As torcidas são mais divididas nos seus blocos de afinidade. A Fuá detém uma grande torcida em Marabá que nos apoia e nos dá um gás a mais”, conclui.

Em 2025, a junina participou de apresentações em Goianésia e Jacundá — nesta última, ficou em segundo lugar. “Estaremos em Canaã e será, mais uma vez, uma grande oportunidade. No ano passado ficamos em terceiro lugar e esse ano vamos brigar pelo título novamente”, garante o presidente.

ARRASTÃO E “PADIM CÍCERO”

Vice-campeã da noite, a junina Arrastão do Amor subiu ao pódio com a medalha de prata. Com o tema “O Redentor do Sertão”, o grupo homenageou a fé do povo nordestino em padre Cícero Romão.

O Correio de Carajás conversou com Bruno Araújo, produtor da junina. “Foi um concurso bem concorrido, com participação das melhores quadrilhas da região e o resultado final foi definido por detalhes”, reconhece.

Além de produtor, Bruno Araújo também é o rei da junina Arrastão do Amor

Com a colocação, a Arrastão do Amor garantiu vaga para representar o Pará no Concurso Nacional. A quadrilha conta com 45 pares, um marcador e 20 integrantes na produção. Bruno exaltou a receptividade do público. “De fato, o público marabaense é apaixonado pelas festas juninas e lota a arena todas as noites, mas Itupiranga não deixou a desejar. O público compareceu em peso”, elogia.

O grupo tem se apresentado em grandes festivais como a 1ª Vila Junina (Redenção), Festival Jacunina (Jacundá) e Festival Junino “Quer Vê Eu Querer Me Dê” (São Pedro da Água Branca/MA), vencendo em todos, com prêmios para melhor marcador, casal de noivos, rainha e casal destaque.  “Seguimos nos preparando com bastantes ensaios que vêm acontecendo desde janeiro”, diz Bruno, reforçando o foco na competição nacional.

O MUNDO É UM… É OCA

Campeã do concurso, a junina Fogo no Rabo emocionou com o tema “O mundo é um, é oca”, uma homenagem aos defensores da floresta, como Chico Mendes, Irmã Dorothy, Bruno Pereira, Zé Cláudio e Maria, além de indígenas e ribeirinhos.

A apresentação cativou o público com vestimentas verdes, grafismos, pinturas corporais e lantejoulas. No rosto das brincantes, o grafismo feito com urucum simbolizava a ancestralidade.

Entre os destaques, a noiva foi representada por uma indígena com traje amarelo, enquanto a rainha incorporou a onça-pintada, símbolo de força e resistência, mas também ameaçada de extinção.

A vitória coroou, mais uma vez, a junina mais antiga de Marabá que carrega 37 anos de tradição. E agora, ela também se prepara para a disputa do precioso título nacional.

Orgulhoso, o presidente da Fogo no Rabo, Ademar, segura o troféu de melhor junina do estado

O QUE AINDA VEM POR AÍ?

A festa junina em Canaã dos Carajás será longa, muito longa. Começa no dia 26 agora, quinta-feira, e só vai terminar dia 13 de julho. A primeira etapa será o concurso municipal na bela arena da cidade.

Nos dias 12 e 13 de julho a programação encerra com o Concurso Nacional de Quadrilhas Juninas da Confederação Brasileira de Entidades de Quadrilhas Juninas (Confebraq), evento que elegerá a melhor junina do Brasil. Para a vasta programação, uma cidade cenográfica foi montada com parques, circos gratuitos e comidas típicas. A festa será realizada no espaço de eventos Mayko Goulart (Ouro Preto) e promete encantar o público presente.

Com a força da cultura popular, a paixão do povo e a dedicação de cada brincante, Marabá mostrou que a arte vai além da arena — ela emociona, representa e acima de tudo, resiste. No Pré-Nacional de Itupiranga, o brilho das juninas marabaenses garantiu troféus – mas também reafirmou o papel de cada junina como referência no cenário junino do Pará.

Com o coração pulsando no compasso da sanfona, os grupos seguem firmes rumo ao nacional, levando na bagagem talento, identidade e o orgulho de ser da terra onde a cultura dança com o povo.

(Milla Andrade)