Circula nas redes sociais uma publicação dizendo que a China presentou o Brasil com uma estátua representando a “besta do apocalipse” durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém. É #FAKE.
🛑 O que diz a publicação?
- Publicado desta quarta-feira (19) no TikTok, onde já teve mais de 68 mil visualizações, o post tem a seguinte descrição: “A China presenteou o Brasil com essa obra apocalíptica durante a COP30, e isso aí por si só já deveria acender todos os sinais de alerta. Precisamos interpretar esses sinais com discernimento. A Bíblia avisou que nos últimos dias governos e impérios levantariam símbolos espirituais como parte da construção de um sistema global. Quando uma criatura híbrida segurando o planeta vira presente diplomático em uma conferência mundial, é hora de ficar atento. Isso não é política apenas — é espiritual. Quem tem olhos, veja”.
- No vídeo que acompanha o post, um homem afirma: “Não é normal o que aconteceu na COP30. Eles acabaram de receber uma estatueta da China, um ser híbrido totalmente ligado ao apocalipse. Onça com dragão, chifres de bode ligado ao Baphomet […]“.
- Na seção de comentários, há mensagens endossando o comentário. Veja dois exemplos: “Se a galera acha que a agenda de 2030 não tem a ver com o apocalipse, não sei nem o que pensar!”; e “Nenhuma novidade para mim, depois que começou essa Cop30 o Pará ficou com muita energia negativa”.
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Procurada pelo Fato ou Fake, a assessoria de imprensa da prefeitura de Belém enviou a seguinte resposta: “Isso não procede. A escultura em bronze une dois símbolos de grande força: o dragão, elemento tradicional da cultura chinesa, e a onça-pintada, ícone da biodiversidade amazônica. Na obra, o híbrido segura o globo terrestre, representando a urgência climática e o compromisso global discutidos durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30)”.
“O monumento foi idealizado após um encontro de Jian com o prefeito Igor Normando e com a secretária de Cultura e Turismo, Cilene Sabino, sendo desenvolvido especialmente para a COP30 em um período de dois meses”.
- A Jian citada na resposta é a artista chinesa Huang Jian, criadora de uma das diversas obras que levaram alertas e reflexões ao evento, entre esculturas, instalações e produções coletivas que ocuparam praças e locais históricos (veja abaixo).
- Esta sexta-feira (21) marca o último dia da COP30. Rascunhos da resolução final foram divulgados nesta madrugada, mas desapontaram delegações e entidades por não incluir um mapa de transição global enérgica que abandone o uso de combustíveis fósseis. Até a última atualização desta reportagem, texto definitivo não havia sido divulgado.
⚠️ Por que isso é mentira?
- Huang Jian já recebeu o título de “embaixadora da arte olímpica” pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e expôs esculturas nas últimas seis olimpíadas.
- Em um comunicado sobre as obras criadas por Jian nos jogos de inverno em Pequim de 2022, a administração local faz menção ao alcance internacional da artista: “Localizadas no gramado próximo à Ponte Guanlan, na bacia do rio Liangma, as esculturas representam seis jogadores de polo em cavalos galopando, exibindo o estilo majestoso e confiante da dinastia Tang. As obras-primas foram criadas pela artista de renome internacional Huang Jian”.
- Em setembro deste ano, a embaixada da China publicou um vídeo em seu Instagram oficial detalhando o significado do animal mítico para a sua cultura:
“Na China, os dragões são vistos como uma entidade sagrada, que traz prosperidade, sorte e proteção. É um dos símbolos mais antigos do país: a sua primeira menção data de 7 mil anos atrás”.
(Fonte:G1)
