Correio de Carajás

Drenagem vira dor de cabeça

A obra de drenagem pluvial que está sendo realizada na rampa do São Félix Pioneiro, em Marabá, vem sendo motivo de questionamentos da população local. Isso porque alguns moradores têm afirmado que o trabalho realizado pela Prefeitura de Marabá será nada mais que uma tubulação de esgoto, o que resultaria no despejo de resíduos e consequentemente na poluição do Rio Tocantins, o que é negado pelo governo.

Na tarde desta segunda-feira, dia 17, a equipe de Reportagem do CORREIO conversou com o secretário de Obras de Marabá, Fábio Moreira, para que ele esclarecesse à população o que de fato está sendo feito no local.

“A finalidade daquele trabalho é pavimentar a estrada completa do Geladinho”

De acordo com Fábio, o Bairro São Félix está recebendo a pavimentação e a instalação da drenagem pluvial, que tem como objetivo minimizar diversos problemas, como as enchentes e deslizamentos, que são causados pelo excesso no nível de circulação da água. Tubos de concreto estão sendo colocados sob a rua e chegam até à margem do rio. “A finalidade daquele trabalho é pavimentar a estrada completa do Geladinho, além de outras obras complementares que fizemos, como pontes”, explicou.

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O Jornal questionou sobre o aparente contrassenso da construção de uma grande obra como esta, apenas para drenagem, quando aquela área sequer tem galerias de esgoto, ou seja, o saneamento básico, ao que o secretário respondeu que a responsabilidade de implantação e gestão de água e esgoto não é responsabilidade do Município, mas do Estado, por meio da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa).

Perguntado se haverá a instalação de uma estrutura de saneamento básico do Geladinho, o secretário explicou que, caso fosse feito um sistema para a localidade, não haveria para onde esse esgoto ser direcionado. “Se eu canalizar só aquela rua, eu não tenho onde jogar. O sistema de saneamento básico tem de ser um complexo. Se for coletar esgoto lá, tenho que chegar em uma estação de tratamento, por exemplo, no elevatório da Folha 26. Não é um sistema simples. O Estado executa a obra e cobra da Cosanpa através das taxas de conta”, argumenta.

Saída da tubulação de drenagem pluvial à margem do rio Tocantins

Ligações clandestinas

Segundo o secretário, a obra vem recebendo diariamente ligações clandestinas, os famosos “gatos” feitos por moradores na tubulação da drenagem. “Quando passamos nossa rede, assim como a população faz com a rede da Cosanpa, que fura e puxa água de maneira clandestina, eles acham mais fácil furar a instalação e despejar e fossa lá. A pessoa precisa ter consciência de não fazer a ligação na drenagem”, reiterou.

Notificações

No momento em que a Equipe de Reportagem chegou na Avenida Belém-Brasília, três pescadores eram notificados por fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). Ao CORREIO, a moradora e pescadora, Elizabeth Clementina da Silva, desabafou ao afirmar que os moradores não estão querendo instalar fossas na tubulação de drenagem. “Não estamos querendo fazer alguma coisa para poluir o rio, não vamos jogar nossa fossa aqui. Nós só queremos jogar a água do nosso peixe. Saiu um vídeo aí de gente dizendo que vamos colocar fossa aqui, não existe nada disso, estamos querendo apenas um jeito de a gente trabalhar civilizadamente para quando nossos clientes chegarem não ficarem sentindo aquela catinga de peixe. Só queremos ter um lugar limpo para trabalhar”, suplicou.

Drenagem x esgoto

A rede de drenagem pluvial funciona pelo escoamento da água através da pressão atmosférica, sem bombeamento. A água simplesmente sai do ponto mais alto para o mais baixo. Pequenos vazamentos nesse sistema não têm importância tão grande, diferentemente da rede de esgoto sanitário, que, ao apresentar vazamento, exige intervenção rápida, pois o material transportado é altamente agressivo ao meio ambiente, podendo, dessa formar, contaminar o subsolo.

Outra diferença da rede de drenagem pluvial para a de esgoto é o tipo de peças utilizadas. Para o sistema em concreto de esgoto sanitário são especificados tubos de junta elástica, com anel de borracha em uma das pontas que se conecta na bolsa do outro tubo para fazer o encaixe. Esse anel é comprimido, garantindo a estanqueidade da rede. (Karine Sued)