Durante entrevista ao CORREIO, o Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (DMTU) de Marabá divulgou que em 2022 foram registradas 28.481 infrações no tráfego da cidade. Dentre elas, as mais recorrentes foram de falta de uso do capacete de segurança, cinto de segurança e o uso do celular pelos condutores enquanto estão dirigindo, violações responsáveis pela abundância de acidentes e até sinistros no trânsito.
O Correio de Carajás conversou com Francivaldo Costa da Silva. coordenador de Trânsito do DMTU, responsável por montar os moldes da fiscalização. Ele revelou que no ano passado foram feitas 6.369 abordagens de condutores que não estavam usando o capacete. Com relação à falta de uso do cinto de segurança, a apuração foi de 5.539 infrações registradas. As infrações com o uso do celular durante a direção acumularam em 1.253 ocorrências.
Vale ressaltar também que dos 322 testes de bafômetros realizados pelos agentes, foram constatadas 126 violações, ou seja, quase a metade. O Departamento de Trânsito, por meio de relatórios, mapeia quais áreas da cidade têm maior incidência de acidentes e infrações de trânsito. Diante disso, viaturas são direcionadas para fazerem a patrulha desses pontos.
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“A gente repara que o grande número de infrações em 2022 se deu após aderirmos ao talonário eletrônico, que é o talão de multa digital”. Segundo Francivaldo, o aumento foi de 400% em multas aplicadas mensalmente, devido à celeridade do programa.
A respeito do uso do celular no trânsito, ele atribui a culpa ao apego da sociedade em geral aos aparelhos eletrônicos, devido aos benefícios que eles oferecem com relação à agilidade, comunicação e até ao acesso a documentos através da internet. No entanto, percebe-se que o condutor não tem paciência de estacionar o carro para usá-lo e, por isso, o número desse tipo de infrações só aumenta e tende a crescer mais ainda.
“Hoje em dia, com um simples toque na tela, o cidadão já tem acesso ao WhatsApp e outras redes sociais. A tecnologia vem para facilitar, mas se tratando da segurança no trânsito, ela acaba atrapalhando”, pontua.
Com relação ao cinto de segurança, o coordenador de trânsito diz que é preciso novamente tocar na celeridade das coisas atualmente, tendo em vista que as pessoas entram em seus carros e muitas vezes nem lembram do cinto de segurança, deixando de ser um hábito devido a essa tal “correria”, à necessidade de fazer tudo de forma rápida.
“O ideal seria que, ao sairmos de casa, façamos um “check list” do veículo. Ligar, ver se o farol está funcionando, checar a quantidade de água, olhar a parte elétrica e os pneus, assim como é feito com as viaturas, mas a ânsia de realizar tudo correndo e no automático impede que isso se torne um costume”, lamenta Francivaldo, acrescentando que no que tange o trânsito, a pressa é inimiga da segurança.
IMPRUDÊNCIA
Quando o assunto é o capacete, o coordenador classifica o número de infrações em uma única palavra: imprudência. Em todos os anos que atuou como agente do DMTU, ele notificou incontáveis condutores que deixaram de usar a ferramenta de proteção por motivos fúteis como o risco de desarrumar o cabelo e, claro, por simples desleixo. Ele relembra uma situação marcante em que abordou uma mulher e ela alegou que não estava usando o capacete porque tinha acabado de fazer a sobrancelha.
Ele elucida que a função do departamento não é apenas fiscalizar, mas também orientar e educar, funções essas divididas como outro setor do órgão, responsável por realizar palestras nas escolas, no intuito de despertar essas responsabilidades coletivas no trânsito desde cedo. “O agente entende que o adulto é mais complicado de educar porque acumula maus hábitos em sua bagagem de vida, mas que ainda assim existe um trabalho constante de conscientizar as pessoas a adquirir essas ações básicas para o próprio bem e segurança de todos”, finaliza. (Thays Araujo)