Na tarde desta terça-feira (20), Diógenes dos Santos Samaritano, 42 anos, sentou-se no banco dos réus da 4ª Vara do Tribunal do Júri de Belém e falou pela primeira vez sobre a morte da então esposa, Dayse Dyana Sousa e Silva, de 35 anos, ocorrida em 31 de março de 2019, em Parauapebas, no sudeste do Pará. Ele está sendo julgado pelo assassinato da mulher.
Após Diógenes dizer que estava muito embriagado no dia do crime e afirmar que assume a responsabilidade por seus atos, o juiz Cláudio Hernandes Silva Lima, presidente do Tribunal do Júri, perguntou se ao dizer isso o réu estava confessando que matou a vítima. A essa pergunta Diógenes respondeu: “Eu confesso que pode ter sido eu, sim, senhor!”. Em seguida, o juiz pergunta se ele afirma que “pode ter sido” ele por estar embriagado no momento do ocorrido, ao que o acusado consentiu.
O julgamento já passa das oito horas de duração. Após o depoimento de diversas testemunhas, tanto de defesa quanto de acusação, teve início o interrogatório do réu, que nunca havia se pronunciado sobre a morte de Dayse. Antes de iniciar a fala dele, o juiz o informou que ele poderia ficar calado se desejasse, mas o homem falou.
Leia mais:Diógenes sentou no banco dos réus vestindo uma camisa azul e carregando um semblante abatido. Seu nervosismo era latente e transparecia enquanto respondia as primeiras perguntas do magistrado, que dizem respeito a informações pessoais do réu.
Ao ser questionado sobre as agressões feitas à vítima e ter jogado ela de uma janela, Samaritano olhou para o lado antes de responder que iria relatar o que aconteceu no dia do crime. Ele frisou, ainda, que não iria responder às perguntas da acusação e nem da defesa.
Diógenes pede paciência ao juiz, que rebate que deseja saber de forma objetiva o que aconteceu no dia do crime. O réu então segue olhando para o lado, na direção de seu advogado, antes de recordar os momentos que antecederam o horário da morte de Dayse.
Conforme ele, no dia anterior, ele foi para o Partage Shopping Parauapebas assistir a um jogo de futebol junto do filho do casal, com 4 anos na época, e Dayse chegou ao local posteriormente.
Samaritano narra que, em determinado momento, a mulher disse que ele nunca mais veria o filho porque pretendia se mudar para Marabá com o menino, motivada por uma condenação que o réu havia recebido.
Ele nega que naquele momento tenha havido qualquer agressão. Diógenes afirma que saiu do shopping e foi para uma convivência, onde continuou bebendo, e diz ter ingerido um litro de whisky e cervejas.
Diógenes afirma que foi para casa apenas pela manhã, por volta das 6 horas, onde teria encontrado Dayse na parte superior, acordada, esperando-o. Segundo ele, ela iniciou uma discussão e repetia que ele nunca mais veria a criança. Em seguida, afirma, a mulher teria agredido ele com arranhões, enquanto ele tentava se defender e se desvencilhar. De acordo com o homem, a mulher estava com um objeto cortante nas mãos e usou a arma para machucar a mão dele. Ele confirma que ambos tiveram um embate físico, alegando ter tentado conter a companheira.
Depois disso, sustentou o homem, ele apagou devido à embriaguez. “De repente, eu não vi mais a Dayse e estava deitado no tapete. Eu dormi, cochilei e quando eu acordei foi com meu filho me puxando pelo braço e eu olhei para a minha mão toda ensanguentada e pedi para a criança voltar para a cama”.
O réu alega que em seguida foi ao banheiro, tomou banho e depois procurou a mulher, momento em que teria visto que ela tinha caído da janela e foi até o local onde o corpo estava. Diógenes descreve que tocou na vítima e sentiu que ela estava com o corpo frio. De acordo com ele, na sequência, voltou para a residência, pegou o filho, ligou para o advogado e saiu de carro, desnorteado. Afirma, ainda, ter pedido ao advogado que avisasse a polícia e o Samu que a mulher havia tirado a própria vida. Por fim, Diógenes alegou que estava muito embriagado e que não entendia o que estava acontecendo.
Ao responder perguntas do júri, Diógenes afirmou que tentou ligar para o socorro, mas que não conseguiu e alegou ter tirado da casa o aparelho que gravava as imagens das câmeras de segurança por medo de que o filho visse as imagens. Esse aparelho desapareceu e o homem alega não saber o que houve com ele.
No início da noite, começou o tempo para que acusação e defesa faça as alegações finais. Não foi informado, até o momento, se o júri será finalizado ainda nesta terça. (Luciana Araújo)