O Dia do Feirante é comemorado em 25 de agosto, data em que foi realizada, em 1914, a primeira feira livre da cidade de São Paulo, com 26 produtores rurais vendendo sua mercadoria a preços mais acessíveis. Centro e sete anos depois, em Parauapebas, o pequeno agricultor continua a ocupar as feiras, importantíssimas para o comércio local.
No Centro de Abastecimento de Parauapebas (CAP), feirantes relembram dificuldades do passado. “Eu tenho muito orgulho de quando vim pro Pará, entramos na mata virgem, começamos a plantar mandioca e frutas, andava pelas ruas com caixas de banana… Foi uma época de muita luta”, diz Gecina Pires da Silva, feirante que atua no CAP e está no município desde a fundação, 33 anos atrás.
“Os caminhões vinham com todos os produtores, comprávamos e vendíamos tudo, íamos embora felizes. Nunca faltava nada para nós porque a gente vendia e comprava”, relembra Gecina, falando sobre as gestões de prefeitos anteriores e como eles abraçaram os pequenos produtores do município.
Leia mais:Raimunda Amário também é feirante no CAP e refletiu sobre sua jornada nas feiras de Parauapebas. “Comecei com o Movimento Sem Terra, plantando mandioca e abóbora. Vendíamos na feira, andando em carros particulares e pagando pelo transporte”, relembra a idosa, há mais de 30 anos comercializando sua produção.
“Recebi auxílio do Movimento, briguei muito, pelejei, me aposentei, mas continuo aqui trabalhando, vendendo minhas coisinhas”, continua Raimunda, contando sobre sua mercadoria: legumes, verduras, farinha e por aí vai. Perguntada se é feliz se sustentando da feira, ela diz: “Graças a Deus, sim. Foi daqui que comecei e continuo feliz. Aqui, nos divertimos de todo jeito”.
A LUTA AINDA CONTINUA
Antônio Rodrigues, presidente da Associação dos Trabalhadores Autônomos no Comércio Informal de Parauapebas (ATACIP) compartilhou os desafios da atualidade para a classe dos feirantes em entrevista ao jornalismo do Grupo Correio. “O trabalho do feirante é muito difícil porque é muito cansativo. Eu gostaria que as autoridades de Parauapebas olhassem com mais carinho para os feirantes, que praticamente fundaram essa cidade”, clama Antônio.
“Existem bairros que não têm uma feira boa: Cidade Jardim, Parque dos Carajás…enquanto isso tem feirante na rua, sem ter local. É vergonhoso termos uma cidade tão bonita e uma feira tão feia [referindo-se à Feira do Rio Verde], nós estamos sobrevivendo lá”, relata o presidente da ATACIP, relembrando conversas que teve com o atual mandatário de Parauapebas, o prefeito Darci Lermen.
“Tive conversas com ele há dois anos e deixamos estes dois anos passarem, mas não fomos atendidos. Ele [Darci] me prometeu coisas, e eu esperei as coisas acontecerem, e não aconteceram”, fala Antônio, em nome da ATACIP. “Agora, vamos começar a cobrar”, acrescenta.
Ainda assim, Antônio compartilha das dores da classe de feirantes e se diz grato por fazer parte e advogar pela causa. “Temos trabalho digno, queremos trabalhar em conjunto para a população de Parauapebas. O sofrimento foi grande, nada vem fácil, então só agradeço a Deus por nos ter dado coragem para trabalhar e sustentar nossas famílias”, finaliza o presidente da ATACIP. (Juliano Corrêa – com informações de Ítalo Almeida)