O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de Março, representa uma data marcada por uma série de manifestações pela igualdade de direitos. Décadas depois das primeiras revoltas feministas, o Portal Correio de Carajás conta a história de três mulheres, com idades diferentes e vivendo em cidades paraenses distintas, todas com trajetórias peculiares e desejo em comum: o respeito à figura feminina perante a sociedade.
A adolescente Valentine Pires, de 12 anos, é estudante do 8° Ano do Ensino Fundamental. Mora em Xinguara e é cuidada pela avó. Apesar da pouca idade, sabe bem o que quer para o futuro. “Sonho em ser médica, me imagino ajudando o próximo e fazendo a diferença na vida das pessoas”, idealiza.
Para Valentine, o melhor em ser mulher é conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas o pior é o machismo que elas ainda enfrentam. “Na minha opinião, vejo que muitos homens não querem deixar as mulheres fazerem nada, acham que não têm direitos”, lamenta.
Leia mais:A grande menina e pequena mulher sonha com um mundo em que elas tenham mais liberdade. “Hoje as mulheres têm mais direito a fazer a profissão que deseja, mas quero um mundo em que homens não batam mais em mulheres e onde elas não fiquem mais em silêncio”.
A correria de quem tem que se virar em três
A advogada Carla Moraes reside em Rondon do Pará, com o marido e os dois filhos, Benjamim, de 3 anos, e Vicente, de 3 meses. “A minha vida profissional começou aos 17 anos, logo em seguida veio a rotina acadêmica. Conciliava trabalho e faculdade, pois tinha que me manter financeiramente. Naquela época, eu imaginava ter chegado ao ápice da correria do trabalho, do cansaço e da rotina de trabalhar durante o dia e estudar a noite”, relembra.
Com o casamento, vieram os filhos. “Decidi dar um tempo no trabalho e fiquei me dedicando à casa, ao marido, ao filho, então a rotina ficou ainda mais corrida que na época da faculdade. Sempre conciliando, as multitarefas de mãe e esposa”, relata.
Tempos depois, a advogada decidiu voltar ao trabalho. “Montei um escritório. No início, parece que manhã, tarde e noite não estavam sendo suficientes, mas com o tempo as coisas foram se encaixando no devido lugar”.
Conforme ela, ser uma mulher adulta é sobrecarregado. “Os filhos cobram, o marido também, mas a mulher realmente é um mistério, não dá para entender como ser tantas em uma só. E também sou filha, preciso dar atenção aos pais”, destaca Carla.
Sobre o preconceito que as mulheres ainda sofrem no mercado de trabalho, Carla é categórica. “O preconceito ainda é muito grande. As pessoas até julgam como a mulher chegou àquela posição. As mulheres precisam entender o seu papel, me sinto de igual para igual com meus colegas advogados”.
Apesar de viver neste cenário, para ela o maior desafio está em ser mãe. “Sempre acho que poderia ter me doado mais, esse acúmulo de funções é muita exaustivo e muito prazeroso”, revela Carla.
“É PRECISO TER EDUCAÇÃO E FÉ”
Nancy Ferreira tem a estética como a grande paixão, mas antes de se especializar na profissão correu muito atrás dos objetivos. Foi babá aos 15 anos e depois diarista. Ela mora em Parauapebas e conta uma história de superação ao ter sido mãe solteira. “A acredito que para mudar a história é preciso ter educação e fé”.
Nancy foi mãe aos 19 anos, de um namorado por quem era muito apaixonada, mas que a abandonou durante a gravidez. “Então, dei à luz Rowena, minha primeira filha. Por acreditar no amor e sonhar em construir uma família, perdoei o namorado, engravidei pela segunda vez, mais uma menina, Rayla Luiza”, detalha.
O passado hoje é só lembrança de uma mulher que estudou, educou e criou as duas filhas. Para o futuro, ela diz que imagina a mulher ainda mais independente. “Dona de si, tendo direitos cumpridos na sociedade. Eu imagino o futuro das minhas meninas assim, que elas possam alcançar qualquer coisa”. Nancy defende, entretanto, que toda mulher deva trabalhar primeiro o amor próprio, antes de se aventurar a amar o outro. “A mulher precisa ser respeitada, amada, admirada”. (Theíza Cristhine)