Segue até 22 horas desta terça-feira (8), na Praça São Francisco, centro do Bairro Cidade Nova, em Marabá, evento de grande importância pela visibilidade e pela defesa de direitos e da vida da mulher, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, contando com a presença da Associação Mulheres Arco-Íris da Justiça, dos Movimentos Sociais de Marabá e da Coordenadoria da Mulher da Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários. A organização é do Conselho Municipal de Defesa do Direito da Mulher (Comdim).
Gilmara Neves, 52 anos, ativista e membro do Condim, reforça que não se trata de um dia festivo, mas de olhar para a trajetória de conquistas das mulheres, além de refletir sobre aquilo que ainda se precisa alcançar.
“Existe um dado recente da central do Disque Denúncia do Sudeste do Pará constatando que Marabá é o segundo município do estado com maior índice de violência contra a mulher. Não falta ação e mobilização por parte das associações e movimentos, mas a violência ainda persiste. Precisamos de um basta! É para isso que aproveitamos o dia de hoje para reunir não só mulheres, mas também homens, a fim de conscientizar sobre a defesa da vida da mulher.”
Leia mais:Leidiane Souza, de 37anos, representante feminina da Diocese do Município, explica que o trabalho do movimento na cidade se desenvolve desde o ventre materno, se estendendo à primeira infância, adolescência, mulheres grávidas e idosas, através de diversas pastorais que executam serviços de apoio à vida da mulher, incluindo indígenas, agricultoras e mulheres carcerárias.
“Nós apresentamos a Lei Municipal Somos Todos Maria da Penha de denúncia da mulher em 2020 e estamos aqui presentes, hoje, dando continuidade a essa luta porque entendemos que a nossa missão é soltar a voz para as mulheres continuarem reivindicando seus direitos, lutando sempre por justiça.”
Ela acrescentou que é de desejo e incentivo da Diocese, através da Igreja Católica, que as famílias se queiram bem, uma vez que os índices mostram que a maior parte da violência contra a mulher ocorre no seio familiar, a chamada violência doméstica. Segundo a análise do Disque Denúncia, dos 72 questionários respondidos entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022, 84,9% das vítimas vivem com os autores da violência e 60% deles são os maridos.
Além de exposições de artesanato, música, dança e rodas de conversa sobre direitos da mulher, o evento também conta com um pedido de justiça por Raquel Vidal, assassinada no dia 13 de fevereiro deste ano pelo ex-marido em Bom Jesus do Tocantins.
Iraíldes Romão, 50 anos, tia da vítima, desabafou: “estamos aqui hoje pedindo por justiça, para que ele seja punido e não somente preso e solto. Nosso objetivo é que a justiça seja feita e ele sofra as consequências, para que não aconteça com outra. O momento que estamos passando é muito triste e doloroso e não desejamos para outra família.”
Jovita Pessoa, 42 anos, compareceu ao evento como participante e o caracterizou como estimulante e necessário. “Um incentivo para nós mulheres lutarmos e conquistarmos nosso lugar na sociedade, além de enxergarmos a necessidade de conscientizar nossos filhos e netos sobre o machismo, e o que acarreta tais atitudes na vida de suas companheiras.”
O Projeto de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) contribui através de ações lúdicas junto às crianças que acompanham as mães na ação. “Nosso objetivo é trazer brincadeiras, jogos, teatro e músicas voltadas para o plano socioeducativo da conscientização do respeito para com o outro desde a infância, utilizando do tema O Cravo e a Rosa, que traz um simbolismo de companheirismo e relação de respeito entre o homem e a mulher”, descreve Izabel Cristina, 45 anos, voluntária do projeto.
Rosalina Neves, 62 anos, presidente do grupo de mulheres Arco Íris da Justiça também reiterou que o movimento no 8 de Março é de luta. “Nós decidimos fazer esse evento com mulheres artesãs, mostrando seus produtos, mas também trazendo palestras do Ministério e Defensoria Públicos para conscientizar e socializar com todas as mulheres da cidade, aldeia e campo de Marabá. Nós precisamos ser respeitadas, e necessitamos combater a impunidade do feminicídio que ainda é muito grande.” (Thays Araújo)