Uma manifestação pacífica tomou conta da entrada da sede da Prefeitura de Parauapebas na manhã desta quinta-feira (27). Representantes de 617 famílias retiradas de áreas destinadas às obras do Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap) estiveram presentes no ato.
Em entrevista ao Correio de Carajás, Fábio dos Santos Bezerra, o “Fabinho”, presidente da Associação dos Sem Teto de Parauapebas Projeto do Lar e líder da manifestação, informou que a maioria das famílias ainda está dentro da área apesar de o Ministério Público ter autorizado a retirada das famílias do local.
“Não somos contra o projeto [Prosap], mas fomos abordados de surpresa e não tivemos outra escolha se não acatar à ordem. Derrubaram nossos barracos, mandaram tirar tudo de dentro e jogar no meio da rua e hoje nós viemos cobrar porque poucos foram cadastrados pelo Prosap. A maioria foi cadastrada pela [Secretaria de] Habitação, onde tem famílias em Parauapebas esperando há 15 anos por uma resposta, e que estavam conosco ali”, disse Fabinho.
Leia mais:O líder do protesto ainda realizou outras denúncias contra a administração pública, afirmando que as famílias realocadas pelas obras estruturais seriam cadastradas para serem beneficiadas pelo Prosap, com uma ajuda de custo de aluguel por R$ 600. Porém, o valor da ajuda descrito no contrato teria sido de apenas R$ 400. “Com muita dificuldade se acha aluguel por R$ 600 em Parauapebas, quem dirá R$ 400”, pontuou Fabinho.
Conforme ele, a situação das famílias é complicada. “Nosso povo teve que ir para beiras de estradas, morar em baixo de lonas ou em casa de parentes. Isso não é licito, nós acreditamos nesse governo, por terem prometido direito à moradia, mas não é isso que está acontecendo”, criticou o presidente dos Sem Tetos, alegando que há 21 mil cadastrados na Secretaria de Habitação, alguns há quase 16 anos e “cansados de serem enganados”.
Outro ponto abordado pela manifestação foi sobre a ocupação Céu Azul, à qual os manifestantes clamam pela oficialização como bairro pela administração pública. Fabinho alegou que por duas vezes cerca de 300 famílias que estão na ocupação foram despejadas. “Quando saímos de lá o que resta é desmanche de veículos, tráfico de drogas e outros crimes. Isso não acontece quando as famílias estão lá, porque são trabalhadores que só querem onde morar”, declarou Fabinho.
Procurada pelo Portal, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Parauapebas declarou que uma reunião com os representantes da Associação dos Sem Tetos de Parauapebas Projeto do Lar já estava programada para acontecer às 14h desta quinta-feira. “A reunião ocorrerá no gabinete, com os representantes do Gabinete do Executivo, Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) e Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap)”, afirma a assessoria. (Juliano Corrêa)