Correio de Carajás

Desmentido por ministério, Toni Cunha tem desorganização de seu governo escancarada

✏️ Atualizado em 20/12/2025 18h49

O prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), viu suas acusações contra o governo federal desmoronarem após resposta técnica do Ministério do Turismo. O que o gestor apresentou como perseguição política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o cantor Zezé Di Camargo, revelou-se, na verdade, uma sucessão de falhas administrativas da própria gestão municipal.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Toni Cunha reclamou do suposto cancelamento de uma verba federal destinada a custear um show do sertanejo durante o Réveillon de Marabá. Segundo o prefeito, a decisão seria motivada por perseguição política. No entanto, a documentação oficial do governo federal contradiz completamente essa narrativa.

Documentação irregular 

Leia mais:

De acordo com nota divulgada pelo Ministério do Turismo, a proposta no valor de R$ 1,3 milhão para fomento a eventos turísticos em Marabá foi empenhada ainda em outubro e permanece em análise. O problema, porém, não está no governo federal: o contrato não foi assinado porque a Prefeitura não apresentou toda a documentação necessária para formalizar o convênio.

Conforme registrado no Transferegov — o sistema oficial que acompanha todas as transferências da União e exige a regularidade de todo o processo para liberação de recursos públicos — a Prefeitura de Marabá informou uma conta bancária irregular e deixou de fornecer documentos obrigatórios. O próprio sistema federal identificou as pendências e orientou tecnicamente como regularizar a situação.

Apesar das orientações claras do governo federal, o prefeito optou por ignorar a orientação técnica e partir para o ataque político, culpando falsamente o presidente da República pela própria falha administrativa.

Contradição entre prioridades

A tentativa de bancar um show pelo valor de R$ 1 milhão — quantia muito acima do praticado em outros municípios — gerou forte repercussão nacional e levantou questões sobre as prioridades da gestão municipal. A polêmica ganhou ainda mais relevância quando confrontada com a realidade da saúde pública em Marabá.

Em 2025, o município não realizou nenhuma cirurgia eletiva. A fila do Sistema Único de Saúde (SUS) cresce continuamente, enquanto o Hospital Municipal enfrenta precariedade extrema. Além disso, contratos sem licitação na área da Saúde estão sob apuração, sinalizando possíveis irregularidades administrativas.

Essa contradição expõe uma gestão que falha no básico — na garantia de atendimento médico e cirúrgico à população — mas está disposta a gastar recursos milionários em shows.

Enquanto isso, por meio das redes sociais, onde se apresenta diariamente e sem falta, o prefeito tenta desviar a atenção dos problemas estruturais da administração municipal através de eventos de grande repercussão.

Ministério reafirma autonomia municipal

O Ministério do Turismo foi enfático em sua resposta: a decisão sobre quais atrações e artistas contratar é uma prerrogativa exclusiva do município. “O Ministério esclarece que a decisão de quais atrações e/ou artistas contratar é uma premissa do município, não havendo qualquer interferência do governo do Brasil na utilização do recurso”, afirmou a pasta em nota oficial.

Essa declaração deixa claro que não houve qualquer ingerência política na escolha do artista. O problema real foi administrativo: a Prefeitura não cumpriu com seus deveres burocráticos para formalizar o convênio.