Olhar e observar o espaço pode ser um tanto deslumbrante. Assim como vemos infinitos pontos reluzentes, também existem incontáveis interrogações flutuando em nossas mentes! No mês de junho, houve um grupo de seis estudantes do 1º ano do Ensino Médio, da escola estadual Honorato Filgueiras de Belém, que ajudaram a Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) à visualizar esses brilhos espaciais e compartilhar conhecimento sobre a ciência, o espaço e os mistérios dos planetas.
A descoberta foi realizada por meio de um software da agência espacial que disponibilizou imagens captadas por um telescópio pertencente à Universidade do Havaí. Durante as buscas, os estudantes conseguiram visualizar e identificar diversas matérias existentes no espaço, alcançando a confirmação de um novo asteroide nomeado de “LUI0005”, em homenagem à Luis Felipe que foi o primeiro à identificar a movimentação do asteroide. O conteúdo da descoberta já está em análise mais detalhada pelos especialistas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para possível nomeação definitiva.
De acordo com o Hélio Júnior, professor de Ciências e Química do jovem cientista, o apoio e incentivo que é levado para dentro da sala de aula é essencial. “Eu tento mostrar através de olimpíadas científicas, de experimentações, de competições, de jornadas, de iniciação científica, que através da educação eles podem mudar de patamar. […] Tudo começa através de um pequeno passo que pode acontecer dentro da escola! Incentivar os alunos a participar de eventos científicos, iniciações científicas, faz todo o sentido e modifica vidas” afirmou Hélio.
Leia mais:O programa chamado “Caça Asteroides” é desenvolvido pela Nasa, em parceria com o MCTI. Pela descoberta, os estudantes terão a oportunidade de irem a Brasília para receberem troféus, medalhas e certificados, em razão do mérito científico.
Pará na rota da Ciência
Não é de hoje que o Pará vem atraindo olhares para a região, ou melhor, para os estudantes deste estado! Em 2021 o aluno Antony Davi, com apenas 14 anos, além de descobrir um asteroide e dois corpos rochosos, também ganhou uma competição da Nasa. Antony participou do Nasa Space Apps Challenge, evento considerado o maior hackathon mundial – criado em 2012 – que reúne milhares de especialistas ao redor do mundo para pensar e criar soluções inovadoras. A equipe do estudante, composta por mais cinco pessoas, chamada AmarZonia, desenvolveram uma plataforma que utilizava sensoriamento remoto e Inteligência Artificial (Aprendizado de Máquina) para realizar análises e previsões de queimadas, a equipe foi reconhecida em escala global. Mas a trajetória de Antony não acabou nesses feitos!
Nos últimos dois anos, além de dedicar esforços e aprimorar o seu currículo científico, o jovem conta que tem buscado ampliar seu alcance e a influência de suas atividades, focando especialmente na área da divulgação científica. “Minha jornada nos últimos anos tem sido marcada por uma busca constante por conhecimento, impacto positivo e desenvolvimento pessoal, e espero que essas tendências continuem a me guiar rumo a realizações ainda mais significativas no futuro” conta o estudante. Atualmente, realiza pesquisa de Iniciação Científica Júnior pelo MCTI, destinada a jovens talentos e para famílias de baixa renda, que recebem Auxílio Brasil.
Muito se discute sobre a rede de apoio familiar no meio educacional e o estudante Antony pode provar de perto a importância dessas relações e incentivos. “O apoio da minha mãe, o laço de amizade e as inspirações que encontrei são como estrelas que me guiam e orientam. Continuarei a trilhar essa jornada com a gratidão, curiosidade, humildade e a determinação como minhas bússolas, pronta para iluminar o mundo da melhor maneira possível!” expôs o jovem.
Antony cursa hoje o 2º ano do Ensino Médio num colégio público em Belém e destaca que para as pessoas interessadas pela área da Ciência, e que não possuem acesso às oportunidades: “Todos os estudantes do Brasil que nutrem um amor profundo pelo universo e pela Ciência, mas que assim como eu, enfrentam desafios impostos pela falta de recursos ou oportunidades, saibam que a busca pelo conhecimento é uma jornada que transcende barreiras materiais. A chama da curiosidade e da exploração arde dentro de cada um de vocês, independentemente das circunstâncias. […] Com determinação, curiosidade e a crença inabalável em seu potencial, vocês podem tentar superar quaisquer limitações e explorar as fronteiras da ciência e do universo de maneira notável. Lembrem-se, sempre existe alguma forma de causar impacto.”
Embora muitos não saibam, foram as descobertas do Antony, publicadas nas mídias em 2021, que incentivaram a participação do professor Hélio ao projeto “Caça Asteroides” do MCTI. A inspiração do então aluno do ensino fundamental de uma rede pública. “Isso me fez olhar com mais carinho para essa área [Ciência e Tecnologia] e perceber que os nossos alunos podem ir muito mais além” relembra o professor.
(Luana Soares)