A notícia da descoberta de uma nova área com ouro em Serra Pelada, município de Curionópolis, a 130 km de Marabá, está atraindo muitos garimpeiros para o local. A área fica próximo à entrada do túnel de acesso construído e abandonado pela empresa canadense Colossus, que se instalou no local para explorar o ouro que está no fundo do lago formado com escavação do garimpo de Serra Pelada, na década de 1980.
A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS esteve no local nesta segunda-feira e, segundo informações de moradores da Vila de Serra Pelada, na semana passada 10 requeiros (pessoas que ficam escavando terrenos em busca de ouro no local) descobriram um filão do minério na área, inclusive conseguiram extrair algumas pepitas próximo à superfície da terra, e espalharam a notícia. No total, esse filão de ouro teria cinco quilômetros de extensão e estaria entre cinco e sete metros de profundidade.
A partir daí, iniciou uma nova corrida do ouro ao local. O terreno está sendo demarcado e no fim de semana se intensificou o número de pessoas que estão chegando à Serra Pelada para tentar a sorte de ‘bamburrar’ com a extração de metal precioso, como há 40 anos.
Leia mais:A área está sendo limpa e cada um que chega vai demarcando um pedaço, para explorar. Até a manhã de hoje, segunda-feira, 24, já tinham mais de mil pessoas no local, segundo um morador de Serra Pelada.
Um dos que já demarcaram seu pedaço de chão no novo Eldorado é Mirailton Rodrigues Dias, popularmente conhecido na localidade como Mirim. Ele diz que mora há 40 anos na Vila de Serra Pelada e está esperançoso de voltar a garimpar.
No entanto, teme que eles venham enfrentar algum impedimento judicial, mas diz que estão preparados para isso. Na opinião dele, os garimpeiros têm que se unir e lutar pelo direito de explorar o local, porque eles também têm direito por viver ali desde o início do garimpo de Serra Pelada.
“Eu não vi o ouro que as pessoas dizem que foi tirado daí, mas eu sei que aqui tem ouro”, diz ele, acrescentando, que o local pode vir a ser uma ‘Serra Peladinha’.
O garimpeiro Francisco Osório, conhecido na comunidade como Chico Osório, afirma que após a descoberta do ouro no local, eles usaram um aparelho que possuem e mensuraram que a quantidade do minério no local é expressiva. A partir daí, ressalta, começaram a demarcar a área, para explorar. Ele explica que os garimpeiros se respeitam e um não entra no barranco do outro. Ou seja, quem demarcar um pedaço, o outro vem e demarca do lado ou à frente, mas nunca tenta ficar com a mesma área.
A medida é 2 metros de largura por 3 metros de cumprimento para cada um. “No máximo, dois metros e meio de largura”, diz Chico Osório.
Ele afirma que já há mais de mil homens na área, mais deve chegar mais garimpeiros, após a notícia se espalhar pelas redes sociais. “Está chegando garimpeiro de todo lugar”, diz, observando que, quanto mais gente chegar, mais terão força para lutar contra eventual embargo judicial que os impeça de explorar.
O garimpeiro prevê que, se tudo desse certo e as máquinas que estavam negociando chegarem, irão começar ainda na noite desta segunda-feira, 24, a escavação da área.
Paulo Patrocínio da Costa, conhecido como Pastor Paulão, chegou hoje ao local para tentar negociar com os ‘donos’ das áreas demarcadas a exploração do terreno. Ele foi representando um empresário de Marabá, que tem maquinário para escavar a área e chegar à profundidade onde os garimpeiros mais experientes dizem que está o filão de ouro com cinco quilômetros de extensão.
Mas a proposta que ele apresentou não agradou muito os que tentam explorar o terreno. É que ele ofereceu 40% do que for explorado para o garimpeiros e 60% para eles.
“Se eles aceitarem, hoje [segunda-feira] mesmo a gente despacha as máquinas para cá e já começa o trabalho amanhã”, diz Patrocínio, que afirma que foi garimpeiro em Serra Pelada e conseguiu extrair 350 quilos de ouro.
Até o final da tarde, ele, no entanto, ainda não tinha conseguido fechar nenhum acordo. O sargento Wellinton, comandante do Destacamento da Polícia Militar em Serra Pelada, esteve no local, mas fez apenas registro em foto da movimentação da área. A mineradora Vale também ainda não se manifestou se vai ou não entrar com alguma ação judicial contra a exploração do local. (Tina Santos – com informações de Ronaldo Modesto)