Correio de Carajás

Depressão pós-parto: Quando a maternidade dói na alma

A gravidez planejada nem sempre é a garantia de que tudo ocorrerá dentro do previsto. Para mães de primeira, segunda ou décima viagem, cada geração representa uma nova experiência. O que muitas não sabem é que qualquer mulher, independente de nível econômico ou social, está vulnerável ao desenvolvimento de transtornos psicológicos relacionados à maternidade. Conforme última estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma média de 19,8% de casos de depressão pós-parto são registrados em países de baixa renda anualmente. Enquanto estudo da Fiocruz indica que, pelo menos, 26,3% das mães brasileiras desenvolvem esse quadro.

Em entrevista ao CORREIO, psicólogas do Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá lembram que nos dias de hoje muitas puérperas são mal vistas pela sociedade, em decorrência desses fenômenos. “A depressão é um transtorno de humor, então a pessoa, por mais que a gente diga que o bebê está bem e é saudável, não consegue criar um bom vínculo com ele. Isso tem a ver com hormônios, com os neurotransmissores, ela não consegue ter serotonina ou adrenalina suficientes para superar as dificuldades”, afirma Miracilda Modesto de Souza.

Segundo ela, o quadro clínico varia de paciente para paciente e alguns fatores externos podem levar ao agravamento do caso. Eliédina Lourenço, que também é psicóloga na unidade, observa que durante a depressão pós-parto, a mulher acredita que não vai dar conta de assumir responsabilidade por outra pessoa e desenvolve pensamentos negativos com relação à criança e à própria vida.

Leia mais:

#ANUNCIO

Ela acrescenta que, diferente da fase do “baby blue” – período de tristeza depois do parto em decorrência das mudanças hormonais abruptas, a depressão é mais duradoura. “Hoje as pessoas dizem: ‘deixaram uma criança na beira do rio, a mãe é o monstro que fez isso’, mas não entendem o processo psíquico pelo qual ela está passando”, sustenta.

A psicóloga revela que existem fases da tristeza materna, que vão da depressão à psicose puerperal, e que é importante identificar os sintomas e buscar tratamento. “Como na maternidade, mesmo de parto cesáreo a mulher sai no terceiro dia, a gente pode identificar o baby blue, mas a depressão propriamente dita vão ser os familiares que vão perceber, e até em uma consulta médica ou pediátrica eles podem relatar os sintomas”, afirma Miracilda.

Pré-natal

O acompanhamento da gravidez é indispensável para que se mantenha tanto a gestante quanto o bebê seguros, evitando complicações antes, durante e depois do parto. Lourenço destaca que o maior número de gestantes do Materno Infantil tem até 20 anos e que, portanto é preciso que essas adolescentes tenham uma boa base de criação e formação para desenvolver uma gestação segura.

“A adolescente grávida não é encaminhada ao Conselho Tutelar, às vezes, não faz pré-natal, e a condição é de risco, então chega até o hospital sem ter informação desse processo. E isso pode ser indicativo para desenvolver a depressão pós-parto, porque o corpo dela não estava preparado, a infância dela foi interrompida”, conta.

Saiba Mais – Organizações e associações ligadas à Global Alliance for Maternal Mental Health – coligação de organizações internacionais empenhadas em melhorar a saúde mental e bem-estar das mulheres e filhos, têm se mobilizado para que as primeiras quartas-feiras de maio sejam consideradas como o Dia Mundial da Saúde Mental Materna.

(Nathália Viegas)

A gravidez planejada nem sempre é a garantia de que tudo ocorrerá dentro do previsto. Para mães de primeira, segunda ou décima viagem, cada geração representa uma nova experiência. O que muitas não sabem é que qualquer mulher, independente de nível econômico ou social, está vulnerável ao desenvolvimento de transtornos psicológicos relacionados à maternidade. Conforme última estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma média de 19,8% de casos de depressão pós-parto são registrados em países de baixa renda anualmente. Enquanto estudo da Fiocruz indica que, pelo menos, 26,3% das mães brasileiras desenvolvem esse quadro.

Em entrevista ao CORREIO, psicólogas do Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá lembram que nos dias de hoje muitas puérperas são mal vistas pela sociedade, em decorrência desses fenômenos. “A depressão é um transtorno de humor, então a pessoa, por mais que a gente diga que o bebê está bem e é saudável, não consegue criar um bom vínculo com ele. Isso tem a ver com hormônios, com os neurotransmissores, ela não consegue ter serotonina ou adrenalina suficientes para superar as dificuldades”, afirma Miracilda Modesto de Souza.

Segundo ela, o quadro clínico varia de paciente para paciente e alguns fatores externos podem levar ao agravamento do caso. Eliédina Lourenço, que também é psicóloga na unidade, observa que durante a depressão pós-parto, a mulher acredita que não vai dar conta de assumir responsabilidade por outra pessoa e desenvolve pensamentos negativos com relação à criança e à própria vida.

#ANUNCIO

Ela acrescenta que, diferente da fase do “baby blue” – período de tristeza depois do parto em decorrência das mudanças hormonais abruptas, a depressão é mais duradoura. “Hoje as pessoas dizem: ‘deixaram uma criança na beira do rio, a mãe é o monstro que fez isso’, mas não entendem o processo psíquico pelo qual ela está passando”, sustenta.

A psicóloga revela que existem fases da tristeza materna, que vão da depressão à psicose puerperal, e que é importante identificar os sintomas e buscar tratamento. “Como na maternidade, mesmo de parto cesáreo a mulher sai no terceiro dia, a gente pode identificar o baby blue, mas a depressão propriamente dita vão ser os familiares que vão perceber, e até em uma consulta médica ou pediátrica eles podem relatar os sintomas”, afirma Miracilda.

Pré-natal

O acompanhamento da gravidez é indispensável para que se mantenha tanto a gestante quanto o bebê seguros, evitando complicações antes, durante e depois do parto. Lourenço destaca que o maior número de gestantes do Materno Infantil tem até 20 anos e que, portanto é preciso que essas adolescentes tenham uma boa base de criação e formação para desenvolver uma gestação segura.

“A adolescente grávida não é encaminhada ao Conselho Tutelar, às vezes, não faz pré-natal, e a condição é de risco, então chega até o hospital sem ter informação desse processo. E isso pode ser indicativo para desenvolver a depressão pós-parto, porque o corpo dela não estava preparado, a infância dela foi interrompida”, conta.

Saiba Mais – Organizações e associações ligadas à Global Alliance for Maternal Mental Health – coligação de organizações internacionais empenhadas em melhorar a saúde mental e bem-estar das mulheres e filhos, têm se mobilizado para que as primeiras quartas-feiras de maio sejam consideradas como o Dia Mundial da Saúde Mental Materna.

(Nathália Viegas)