O Distrito Federal tornou-se um dos epicentros do surto de dengue que atinge grande parte do Brasil no começo de 2024, com mais de 30 mil casos na capital federal apenas neste ano. Transmitida pelo Aedes aegypti, a doença apresenta sintomas como febre alta, manchas, coceiras, dores de cabeça, náuseas, vômitos e tonturas. No entanto, a dengue pode trazer uma série de complicações no corpo humano, como problemas nos olhos.
Especialista em retina do Hospital Oftalmológico de Brasília, Dr. Sérgio Kniggendorf destaca que a inflamação causada pelo vírus ou suas alterações no sistema imunológico podem resultar em sérias consequências para a visão.
“Isso acontece por conta da inflamação causada pelo vírus ou pelas alterações que ele provoca no nosso sistema imunológico, em que se percebe uma diminuição das plaquetas, fragmentos celulares envolvidos na coagulação do sangue. Com menos plaquetas, aumenta o risco de sangramentos e hemorragias em várias partes do corpo, inclusive nos olhos, reduzindo a capacidade visual ou mesmo levando à cegueira”, alerta o doutor Sérgio.
Leia mais:As complicações oculares incluem hemorragias retinianas e na conjuntiva, ruptura de vasos sanguíneos que comprometem a qualidade visual. Oclusões vasculares, como tromboses, podem surgir devido ao depósito de anticorpos nas paredes internas das artérias, enquanto a neurite, inflamação do nervo ótico, pode resultar na perda total da visão devido a um bloqueio na transmissão de imagens para o cérebro.
“Os problemas oculares são mais frequentes nos casos de dengue hemorrágica, mas é preciso ficar atento aos sinais. Diabéticos e portadores de doenças vasculares devem ter cuidados redobrados, já que possuem maior propensão às complicações. Pessoas contaminadas pela segunda vez têm um risco elevado de desenvolver os sintomas mais graves, principalmente quando são expostas a dois tipos diferentes do vírus”, alerta o oftalmologista.
O oftalmologista enfatiza que a prevenção é fundamental e sugere o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, aplicação de repelente nas áreas expostas, instalação de telas em janelas e portas, tamponamento de caixas d’água e eliminação de recipientes com água parada são medidas essenciais. “Somente com a conscientização de todos poderemos combater essa doença e reduzir seus efeitos”, destaca Dr. Kniggendorf.
Em caso de sintomas das complicações oculares, o médico ressalta a importância de procurar um oftalmologista ao primeiro sinal de alteração visual, permitindo um diagnóstico precoce e intervenções necessárias para preservar a qualidade visual do paciente. “Só com a conscientização de todos poderemos combater essa doença e reduzir seus efeitos. Mas a qualquer sinal de alteração visual, procure seu oftalmologista. Felizmente, a maioria dos casos são mais simples. Entretanto é importante realizar exames para analisar a situação com cuidado, diagnosticar corretamente e tomar as providências necessárias para garantir a qualidade visual do paciente”, finaliza o Dr. Sérgio Kniggendorf.
(Correio Braziliense)